Governador criticou o Ministério Público Federal em investigações contra o tráfico de armas e drogas no Rio - Ana Mello/Agência O Dia
Governador criticou o Ministério Público Federal em investigações contra o tráfico de armas e drogas no RioAna Mello/Agência O Dia
Por Ana Mello*
Rio - O governador Wilson Witzel criticou o Ministério Público Federal (MPF) sobre o que ele chamou de "omissões" contra o crime organizado no estado, durante uma cerimônia nesta terça-feira no Batalhão de Choque, no Centro. A solenidade de entrega de 720 viaturas à PM, sendo 680 motocicletas para a Polícia Militar e o Batalhão de Choque, além de 24 picapes gradeadas, dois furgões para transporte de presos e oito ambulâncias, foi marcada por repetidas reclamações sobre o órgão. Para Witzel, o MPF precisa "investigar com mais rigor" a atuação dos "narcoterroristas".
"O estado está preocupado porque a investigação é só na polícia. Qual a razão de não termos um volume maior de investigação contra lavagem de dinheiro e o tráfico de armas e de drogas? Tá faltando policial na Policia Federal? Está faltando recurso para o Ministério Público Federal? Está faltando justificativa e eu vou pedir explicações para saber sobre essa quantidade de armas que está entrando no Rio. Até porque, nós precisamos responsabilizar alguém e não pode ser o estado."
Publicidade
Witzel continuou as críticas e ressaltou que o estado vai investigar o órgão.
"Vamos começar as cobranças com rigor, omissões não serão mais admitidas, o estado iniciará uma investigação das omissões. Não vamos permitir que essas armas ingressem no território e que esse dinheiro seja lavado, o tráfico empoderado e esse terrorismo que nos é imposto. O Ministério Público Federal precisa mostrar à sociedade que tem capacidade não apenas para investigar o trabalho da polícia, que é a sua missão constitucional, mas também investigar com rigor, mostrar resultados, o que até agora não vimos."
Publicidade
O governador lembrou ainda a morte do cabo Fabio de Souza Ferreira, de 40 anos, durante uma operação no Morro da Torre, em Queimados, na Baixada Fluminense, nesta segunda-feira, e cobrou mais ações do MPF contra o crime organizado.
"Quem tem que investigar o contrabando (de armas e drogas) e denunciar esse tipo de crime é o Ministério Federal e a Polícia Federal. Então a omissão é penalmente relevante quando não se combate o crime como deveria combater e o resultado acaba com os homicídios que nós estamos vendo hoje em relação aos nossos policiais."
Publicidade
Sobre as incursões em comunidades e a interferência do Ministério Público Federal nas investigações, Witzel manteve a defesa dos policiais. "Não se pode impedir de usar um equipamento da polícia, se temos helicóptero para servir de base para um eventual confronto com terroristas que estão atirando na policia. Vai haver mais morte de policial. Hoje, nós estamos evitando mais as mortes de policiais, porque estamos agindo com rigor."
A resposta de Witzel veio após o jornal O Globo divulgar que o MPF vai passar a investigar os crimes cometidos por policiais em helicópteros, durante operações nas comunidades do Rio.
Publicidade
Procurado, o MPF confirmou que a Câmara de Coordenação e Revisão da Procuradoria Geral da República (PGR), responsável pelo controle externo da atividade policial e do sistema prisional, chegou a este entendimento com base na Constituição, de que é de competência federal julgar crimes a bordos de navios e aeronaves, inclusive de forças policiais estaduais.
Com isso, a orientação foi passada aos promotores do MPF para que acompanhem, investiguem e, se necessário, abram procedimentos junto à Justiça Federal do Rio sobre os casos. A instituição esclareceu ainda que, por ser de atribuição federal, não se trata de uma federalização da investigação.
Publicidade
*Estagiária sob supervisão de Cadu Bruno