MPF entra na Justiça para manter aberta emergência do Hospital de Bonsucesso
Órgão deu prazo de 48h para direção do HFB apresentar escala dos médicos da emergência e, caso seja constatada a insuficiência, que a União imediatamente coloque o número de servidores necessários. Emergência pediátrica foi fechada nesta quinta-feira
Rio - O Ministério Público Federal (MPF) protocolou um pedido de tutela de urgência, na 26ª Vara Federal do Rio, para que a Justiça determine que a União apresente o número de médicos que atuam no Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) no prazo de 48 horas, além de exigir funcionamento do serviço de emergência da unidade de saúde. Nesta quinta-feira, o setor de emergência pediátrica estava fechado.
O MPF requereu que seja apresentada a escala de serviço que mostre que o número de profissionais são suficientes para atender em todas as especialidades do HFB. "Caso seja constatada a real falta de médicos no HFB, o MPF pede que a União seja obrigada a lotar na unidade o número de servidores necessários para garantir a manutenção dos atendimentos de saúde no serviço de emergência", diz o órgão.
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O pedido foi realizado pelas procuradoras da República Aline Caixeta, Roberta Trajano e Marina Filgueira a partir de notícia de risco iminente de fechamento da emergência do hospital por falta de recursos humanos, notadamente das áreas de clínica médica e pediatria.
"A ameaça de fechamento por falta de médicos de importante serviço de emergência da rede federal causa grave riscos de danos à saúde coletiva pelo fechamento da unidade que, por sua localização, com acesso pela Avenida Brasil, garante à atenção emergencial de pacientes vindos de municípios da Baixada Fluminense e garante a saúde individual dos pacientes em espera de atendimento no serviço", explica o MPF.
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Nesta quinta-feira, a emergência pediátrica estava fechada, conforme mostrou o Bom Dia Rio, da TV Globo. Quem chegava ao local dava de cara com a porta do setor fechado. Apenas quem estava em em estado grave era atendido.
O MPF também ressaltou que na audiência realizada pela 11ª Vara Federal, dentro do referido processo, o secretário de Atenção à Saúde do MS assumiu o compromisso de garantir a lotação de pessoal em número suficiente para o pleno funcionamento da emergência do HFB.
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Conforme O DIA mostrou hoje, a emergência do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB) só tem atendido quem chega com risco de morte por conta da falta de médicos. É o que mostra relatório produzido por funcionários da unidade, entregue à Direção Geral do HFB, este mês.
O DIA teve acesso ao documento, que aponta um déficit total de 77 médicos na emergência, quando deveria ter 124. Ou seja, o a unidade funciona com 38% do efetivo. As especialidades com maior carência são as de médicos clínicos, onde faltam 27 profissionais, e pediatras, menos 25. O relatório ainda contabiliza déficit nas áreas de cirurgia geral, faltam 14; e plantão geral, menos 11.
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Em nota, o Ministério da Saúde disse que o Hospital Federal de Bonsucesso está "tomando as providências cabíveis para recompor a equipe médica da emergência, que atualmente realiza atendimentos com um quadro de 17 clínicos, quatro pediatras, 16 cirurgiões e 16 ortopedistas". A direção do hospital diz que "nenhum paciente internado na emergência está sem assistência médica".
"Sobre a previsão de novos funcionários no quadro do HFB, o Ministério da Saúde informa que permanece aberta para renovação de Contratos Temporários da União (CTU) vigentes e de novas contratações para todos que estão inscritos no último certame (março de 2018). A pasta reforça que avalia tecnicamente novos modelos de contratação para eventuais disponibilidades de vagas, assim como realiza o recadastramento presencial dos funcionários das unidades federais no Rio de Janeiro, afim de realocar os funcionários, caso haja disponibilidade, em serviços que apresentem déficit de recursos humanos", diz o texto do ministério, concluindo que uma ação integrada realiza "um trabalho de qualificação da gestão dos hospitais federais, com resultados no aumento de atendimento e desempenho clínico."