Cemitério clandestino que seria do grupo paramilitar ficava na localidade conhecida como Visconde - Divulgação
Cemitério clandestino que seria do grupo paramilitar ficava na localidade conhecida como ViscondeDivulgação
Por RAFAEL NASCIMENTO
Rio - Policiais da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSGI) junto a promotores do Ministério Público (MP) encontraram, na tarde desta sexta-feira, 14 corpos e restos mortais em uma localidade conhecida como Visconde, em Itaboraí, Região Metropolitana do Rio. De acordo com a DHNSGI, os corpos foram retirados com máquinas de escavar. 
De acordo com o delegado Gabriel Poiava, os 14 corpos estavam em covas rasas. A DHNSGI e o MP acreditam que ao menos dois cemitérios clandestinos foram usados pelos milicianos para desovar os corpos.
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Segundo um dos promotores do MP, os corpos e restos mortais seriam de desafetos de milicianos ligados à Orlando Curicica e Renatinho Problema. 
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Ao menos cem pessoas foram executadas pela milícia em Itaboraí e tiveram os corpos desaparecidos, segundo o Ministério Público. Os investigadores, agora, querem saber se o grupo paramilitar usava um cemitério clandestino para desovar os restos mortais das vítimas. Muitas famílias das vítimas assassinadas pela milícia foram coagidas a não divulgarem ou denunciarem os assassinatos.
O delegado responsável pelas investigações, Gabriel Poiava, informou que apesar dos desaparecimentos, as famílias não procuravam fazer o registro. "Identificamos ao menos 50 corpos desaparecidos de janeiro de 2018 até agora", diz. 
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Os crimes aconteciam à luz do dia em Itaboraí. "Muitos dos mortos eram desafetos da quadrilha ou apenas usuários de drogas", acrescenta o promotor Rômulo Santos Silva,do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco).
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A migração da milícia para o município foi identificada em junho de 2018, explica Rômulo. "Identificamos um alto índice de homicídios contra rivais (traficantes)".
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A milícia utilizou armas e estrutura do miliciano Orlando Curicica para entrar no município, explica o delegado Gabriel Poiava. Com o auxílio de outros criminosos, houve um aumento de mortes na região. "Para dificultar a investigação, eles criaram um cemitério clandestino para esconder os corpos", diz o delegado. O grupo também expulsava moradores simpáticos ao tráfico.
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A milícia que foi alvo da operação deflagrada nesta quinta-feira pela Polícia Civil e pelo Ministério Público do Rio de Janeiro cometeu ao menos 50 assassinatos em Itaboraí desde janeiro de 2018. São cumpridos mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão contra 77 acusados de integrar o grupo.