
Também expôs a situação das organizações sociais e das parcerias público-privadas no Rio, além dos resultados de receitas de transferências constitucionais obrigatórias, como é o caso do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), chamando atenção para a previsão de extinção desta fonte de recurso a partir de 2021, o que acarretaria uma perda de R$ 1,9 bilhão para os cofres do município.
Após uma introdução sobre o contexto atual das finanças da cidade, o conselheiro emitiu uma série de recomendações, determinações e alertas para que a prefeitura se compatibilize com a legislação e adote uma gestão mais eficiente.
O TCM fez algumas ressalvas no balanço do ano passado mas, segundo Barbiero, parte da insuficiência financeira vem da gestão anterior. Segundo ele, é um desafio a ser enfrentado. "Podemos dizer que o superávit orçamentário reflete o equilíbrio das contas, e o primário mostra que a gente está conseguindo poupar".
Em relação ao voto do conselheiro Felipe Puccioni, que solicita que a insuficiência financeira seja de R$ 3,25 bilhões e não de R$ 2,8 bilhões, o secretário acrescentou: "Vamos analisar tão logo cheguem os relatórios do Tribunal".
No início de 2017, ao se analisar as contas a projeção do déficit orçamentário era de R$ 4 bilhões, montante que foi reduzido para R$1,1 bilhão ao final daquele exercício, consequência do esforço fiscal que já vinha sendo realizado pela administração. Vale lembrar que no primeiro ano da atual administração, a Prefeitura teve queda na arrecadação de cerca de R$ 4 bilhões sendo o decréscimo no ISS relacionado à perda de empregos significativa nos últimos anos, de cerca de 350 mil. Além disso, a Prefeitura recebeu uma dívida de aproximadamente R$ 11,8 bilhões, desse montante R$ 7 bilhões contraídos na gestão anterior, entre os anos de 2009 e de 2016. O pagamento da dívida nesses quatro anos do governo Crivella será de R$ 6,8 bilhões.
Diante desse cenário desafiador, e considerando a crise sem precedentes que alcançou a cidade, a Prefeitura iniciou os esforços fiscais e as medidas estruturantes para a saúde financeira municipal. A cada bimestre, conforme determina a Lei de Responsabilidade Fiscal, as projeções de receitas e despesas foram avaliadas para que fossem adotados eventuais ajustes.
No campo das receitas, com a Lei 6250/ 2017 do IPTU houve incremento de R$ 300 milhões nas receitas do imposto em 2018 e, em 2019, a estimativa é que mais R$ 600 milhões sejam arrecadados, se considerado o ano de 2017. Também houve investimento na área de cobrança dos tributos.
"Em maio de 2018, tínhamos como saldo de arrecadação, isso na ponta de caixa, de aproximadamente R$ 6,3 bilhões. No mesmo mês de 2019, tínhamos R$ 7,1 bilhões. Ou seja, uma diferença de aproximadamente R$ 743 milhões", acrescenta o titular da pasta.
Ainda conforme a secretaria, em maio de 2018 as despesas totalizavam R$ 6,5 bilhões. No mesmo mês de 2019, esse número cresceu R$ 51 milhões. O saldo de caixa em maio de 2018 era de R$ 320 milhões e, este ano, o valor triplicou. A meta é chegar a arrecadação prevista na LOA de R$ 30,6 bilhões.
A Prefeitura informou que vai continuar a adotar as medidas necessárias para o ajuste fiscal, seguindo as recomendações e determinações do Tribunal de Contas, como também o estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal. Estão previstas ainda para esse ano a securitização da dívida ativa e mais uma edição do Concilia Rio, programa de parcelamento de débitos tributários.
"A aprovação das contas era esperada, porque estamos fazendo um grande esforço para colocar as contas em dia e vamos continuar nesse caminho. Vamos conseguir a virada" finalizou o secretário.
A Coordenadoria de Auditoria e Desenvolvimento do TCM identificou que a Secretaria Municipal de Saúde continua a realizar despesas sem prévio empenho, conduta que vem sendo recorrentemente adotada, porém vedada por lei.
Quanto à situação financeira e atual do Fundo de Previdência do município, o relatório aponta para a necessidade de revisão do plano de capitalização, pelos déficits verificados.
Em relação ao endividamento, notou-se um aumento de R$ 1,21 bilhão em 2018.
As obras paralisadas também foram alvo de recomendações, uma vez que vêm gerando prejuízos na ordem de R$ 2,3 bilhões. O relator sugeriu a apresentação de um cronograma para implementação de um painel de acompanhamento das 65 obras inacabadas.
O relatório destaca a necessidade de maior cautela para os limites de despesa de pessoal, considerando que, a partir de 2021, as despesas de pessoal resultantes de contratos firmados com organizações sociais serão incluídas no rol e submetidas aos limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.