De boné, Mario Liebman sorri ao deixar casa em Ipanema - Reprodução / TV Globo
De boné, Mario Liebman sorri ao deixar casa em IpanemaReprodução / TV Globo
Por O Dia*
Rio - A força-tarefa da Lava Jato realizou, nesta terça-feira, uma operação para prender pai e filho ligados a Dario Messer, conhecido como "doleiro dos doleiros". Mario Libman e Rafael Libman são investigados por operar um sistema de lavagem de dinheiro controlado por Dario, que está foragido da Justiça. Mario foi preso em casa, em Ipanema, na Zona Sul do Rio. O filho está foragido.
De acordo com as investigações, somente em umas das transações realizadas pelo esquema, na loja Marina Joias, no Shopping Cassino Atlântico, em Copacabana, teriam sido feitos o pagamento de R$ 13 milhões. Os agentes também cumpriram mandados de busca e apreensão no local.
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O Ministério Público Federal (MPF) afirma que a parceria de Messer com os Libman usou as empresas Rali e Palazzo, cuja sede formal é a mesma da Marina Joias, na movimentação de R$ 31,8 milhões entre 2011 e 2016. Parte do dinheiro, recebido entre 2012 e 2014, foi usado por Mario Libman para pagar obras na cobertura de Messer no Leblon, e outra, de quase R$ 20 milhões, para comprar terrenos e construir imóveis no nome de suas empresas Rali e Palazzo dos Artistas. Três construtoras e três condomínios residenciais também foram pagos por meio do esquema.
"Há evidências de que as milionárias entregas de dinheiro de Messer a Rafael por intermédio do seu pai foram fundamentais para as empresas deles alavancarem de forma totalmente desproporcional, sem lastro lícito, investindo no mercado de construção e venda de imóveis, ou seja, inserindo na economia formal produto de crime", afirmam os procuradores da força-tarefa Lava-Jato.
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"Essa simbiose patrimonial entre Mario e Rafael Libman, advinda após a união estável entre este e Denise Messer (filha de Dario), é explicada tendo em vista que Dario Messer, ao mesmo tempo em que lavaria o seu dinheiro espúrio, também garantiria que a sua filha pudesse dispor de parte dos valores que amealhou em suas atividades de líder de organização criminosa voltada à lavagem e à evasão", acrescentaram.
REPATRIAÇÃO
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A pedido do MPF, a Justiça autorizou a imediata devolução de R$ 270 milhões pelo empresário Dan Wolf Messer, réu por evasão de divisas em esquema montado pela família Messer. O acordo de colaboração firmado com familiares de Dario Messer envolve ainda a devolução do equivalente a cerca de R$ 100 milhões em valores, imóveis e obras de arte, além de renúncia a bens e direitos decorrentes de herança do patriarca da família. Ao todo, somam-se os valores devolvidos de R$ 370 milhões.
A repatriação dos valores mantidos em contas em Bahamas, Mônaco e Nova York vem avançando e cerca de R$ 240 milhões já estão à disposição da Justiça para serem revertidos aos cofres públicos.
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Os recursos foram repatriados por causa do acordo de colaboração premiada de Dan, homologado pela Justiça. O filho de Dario Messer é, desde 2015, o único beneficiário direto de um fundo aberto com aporte do avô Mordko Messer, pioneiro da família no mercado de câmbio ilegal.
Os valores em instituições financeiras no exterior tinham sido depositados em 2004 e nunca foram declarados às autoridades brasileiras. Além de recursos, o colaborador forneceu documentos como provas de corroboração dos crimes, que incluem extratos das contas estrangeiras.
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Como parte do acordo, o MPF pediu à Justiça que o processo ao qual Dan Messer responderia por evasão de divisas fique suspenso durante dois anos. A suspensão está condicionada ao cumprimento de sete horas semanais de serviços à comunidade.
IMÓVEIS
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Segundo o juiz federal Marcelo Bretas, que determinou a prisão dos Libmans, Rafael tem 18 apartamentos de luxo. A Procuradoria, segundo o juiz, "assinala que foram adquiridos imóveis no Rio de Janeiro e em São Paulo por Rafael Libman e Denise Messer, com pagamento em espécie diretamente das contas de Dario".
Bretas destaca que "segundo apurado pelo MPF, Rafael Libman conta atualmente com dezoito apartamentos em áreas nobres do RJ e SP, além da fração ideal de dois terrenos para construção". Ao que parece, Rafael investiu na aquisição de bens imóveis com montante repassado por Dario Messer, configurando prática comum no delito de lavagem de capital.

"Dessa forma, é provável que Mario e Rafael Libman tenham auxiliado Messer na ocultação e dissimulação de capital, seja por meio da reforma na cobertura de Dario, sob responsabilidade de Mario; seja por meio da aquisição por Rafael de imóveis no RJ e em SP", anotou.
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CÂMBIO, DESLIGO
A operação de hoje é um desdobramento da Operação Câmbio, Desligo, que prendeu, em maio do ano passado, mais de 30 pessoas, suspeitas de movimentarem 1,6 bilhão de dólares em 52 países.
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A delação dos doleiros Vinícius Vieira Barreto Claret, o Juca Bala, e Cláudio Fernando Barbosa, o Tony, resultou na operação. A ação tinha como principal alvo Dario Messer, apontado como controlador de um banco em Antígua e Barbuda. Ele era citado pelas delações de Juca e Tony.
* Com informações do Estadão Conteúdo