Antônio Carlos Gonçalves recomenda cristais para reenergização - fotos de Gilvan de Souza
Antônio Carlos Gonçalves recomenda cristais para reenergizaçãofotos de Gilvan de Souza
Por GUSTAVO RIBEIRO

Rio - Os cariocas reagiram com bom humor à justificativa para explicar a folga não remunerada de cinco dias do ministro da Justiça, Sergio Moro, programada para a próxima semana. "Descansar também faz parte do contexto de reenergizar o nosso corpo para prosseguirmos no combate", disse Otávio Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, em meio à crise causada pelo vazamento de mensagens atribuídas a membros da Operação Lava Jato em reportagens do site The Intercept, que acusam o então juiz federal de coordenar irregularmente a força-tarefa. Nas ruas do Rio, as pessoas deram dicas para inspirar a desejada reenergização, com conselhos que vão de chazinho de maracujá e meditação para aguentar a demora do ônibus ao uso de cristais com sal grosso.

Antônio Carlos Gonçalves, dono de uma loja de artigos religiosos no Centro há 35 anos, tem dicas de cristais de apenas R$ 3 para ajudar Moro. "Pode colocar a pedra na água com sal grosso e deixar ao sol e no sereno. Aí, a pessoa fica equilibrada", orienta.

Os artistas de rua Maxymilhan Chowucair e Fernanda Saar recorrem à meditação para desestressar - Gilvan de Souza / Agencia O Dia

Os artistas de rua Maxymilhan Chowucair, de 39 anos, e Fernanda Saar, de 27, marcam ponto de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h, na Praça Tiradentes. Estátuas vivas, seguem trabalhando. Mesmo quando estão parados. Sem o mesmo benefício concedido a Moro, recorrem à meditação para não perderem o equilíbrio na espera de até 40 minutos pelo ônibus. "Nos resta meditar. Chegar em casa, tomar um banho relaxante e colocar uma música suave", conta Maxymilhan. A estudante Aline Fernandes, de 20 anos, se arrisca a dar uma dica a Moro. "Ele podia escolher um lugar tranquilo e fazer yoga. Tempo não deve faltar".

Calmante para moro?

O estresse tem feito muita gente como a gente buscar produtos naturais com efeito calmante, como chás de maracujá e erva doce. Com apenas R$ 5, já dá para comprar dez sachês. Gerente de uma loja do segmento, Vanessa de Oliveira diz que houve aumento da demanda. Mas nunca imaginou pedir ao chefe para ficar cinco dias em casa só para se reenergizar, como fez o ministro. "As pessoas não têm esse tempo. Quando eu estou estressada, procuro sair, passear. Vou à praia. O mar dá energia".

Gerente de uma loja de produtos naturais, Vanessa de Oliveira sugere chás para acalmar - Gilvan de Souza / Agencia O Dia

Jaqueline Moraes, estudante de História, acha que a maioria dos brasileiros só poderia se dar ao luxo de ficar afastado do trabalho se ganhasse na loteria. Já o aposentado Marcelo Osório, 58, defende o ministro. E que todos os trabalhadores tenham o mesmo direito: "O cargo dele é muito tenso. Eu era bancário e também precisava me reenergizar. Tinha direito a cinco folgas no ano", lembra.

Jaqueline: folga só com loteria - Gilvan de Souza / Agencia O Dia

Críticas da oposição

A licença não remunerada tirada pelo ministro Sergio Moro, concedida para a próxima semana, repercutiu no meio político. "Encaminhamos requerimento de indicação pedindo a suspensão da licença ilegal do ministro Moro e sua exoneração. As denúncias do The Intercept e agora áudio envolvendo integrantes da Lava Jato demonstram que além da parcialidade havia lado político", escreveu o deputado federal Gervásio Maia (PSB-SP), em sua conta no Twitter. Para o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), a folga é ilegal: "Sergio Moro não é servidor público. O cargo de ministro de Estado se encaixa no que a legislação denomina de agente político, função que não é regulada pela lei 8.112/1990. A sua licença, portanto, é ilegal".

Nesta terça-feira, a jornalista Giselly Siqueira, assessora de imprensa do ministro, pediu demissão do cargo. Logo após a polêmica da licença vir à tona, a assessoria do Ministério da Justiça e Segurança Pública esclareceu que Moro não pode tirar férias e que estará de licença não remunerada para viajar com a família. O secretário executivo Luiz Pontel responderá pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública no período.

A estudante Aline Fernandes se arrisca a dar uma dica a Moro: 'Ele podia escolher um lugar tranquilo e fazer yoga' - Gilvan de Souza

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