Alegoria da São Clemente neste Carnaval ironizou as viradas de mesa da Liesa. Na plenária, a agremiação votou a favor da permanência da Imperatriz - BANCO DE IMAGENS
Alegoria da São Clemente neste Carnaval ironizou as viradas de mesa da Liesa. Na plenária, a agremiação votou a favor da permanência da ImperatrizBANCO DE IMAGENS
Por Leonardo Rocha
Após enfrentar uma das maiores crises da história do Carnaval carioca, a Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa) pretende dar a volta por cima e reorganizar a casa. Às voltas com uma possível privatização do Sambódromo, a "virada de mesa" que manteve o rebaixamento da Imperatriz Leopoldinense ao grupo  de acesso e os cortes de verba da Prefeitura do Rio, Jorge Castanheira, presidente da Liesa, afirma que fica mantido o regulamento do carnaval 2019, na expectativa de enxugar os desfiles até 2021.
"Faremos uma reunião no próximo dia 17 para definir o cronograma das escolas na Avenida. A previsão é que desçam duas agremiações e suba uma do Grupo A, assim como aconteceu neste ano, para que fiquem 12 escolas nos próximos carnavais. Ano que vem desfiam sete no domingo e seis na segunda-feira", afirma ele. A demora para definir quem abre e quem fecha a Avenida em 2020, no entanto, tem deixado os barracões trabalhando em marcha lenta. Jorge garante que o processo está dentro do prazo estipulado em regulamento. "Teríamos até a primeira quinzena de julho para essa reunião. O atraso é de apenas dois dias. Com esforço a gente não vai ter nenhum tipo de problema", destaca ele.
Publicidade
Outro ponto sensível da folia do ano que vem foram as recentes declarações feitas pelo prefeito Marcelo Crivella e o governador Wilson Witzel sobre uma possível privatização do Sambódromo. De acordo com Marcello Alves, presidente da RioTur, uma questão inviável para o próximo Carnaval. "O processo está em andamento e é de grande interesse que ele se concretize. O Sambódromo é um espaço com grande potencial que pode se transformar em uma arena de eventos durante todo o ano. Porém, o processo leva tempo. O Carnaval de 2020 já está muito próximo e não haverá tempo hábil para conclusão até lá. Mas estamos confiantes", declarou ele.
Se nos barracões os trabalhos se acumulam, na Avenida as coisas parecem um pouco diferente. De acordo com Marcelo, a RioTur segue firme com as obras no Sambódromo para evitar os transtornos do Carnaval deste ano, com alagamentos e problemas na parte elétrica do local. "Os reparos vem sendo executados desde o ano passado e já estão 75% concluídos", afirma ele, que segue em parceria com a Liesa nos reparos. "Fizemos um relatório que está de posse de Marcelo Alves, com estudos da RioUrbe", destaca Jorge Castanheira.
Publicidade
Outra questão ainda em aberto é a transmissão do carnaval 2020 pela Rede Globo. A emissora ainda não assinou contrato e espera uma definição em relação ao número de escolas e ao formato que será adotado pela Liesa para se manifestar. Em outros carnavais, a Globo costumava pagar a primeira parcela da verba anual em julho. "Tínhamos uma reunião agendada, mas tivemos que remarcar. É uma parceria fundamental para o exito do Carnaval e a divulgação do espetáculo para o mundo. É importante do ponto de vista financeiro e ao turismo", destaca Castanheira. Procurada, a Globo disse que "aguarda a definição dos interlocutores oficiais da Liesa para negociar a transmissão do Carnaval do próximo ano".
A Globo aguardava o fim do impasse que poderia manter a Imperatriz Leopoldinense no Grupo Especial, através de recursos. No entanto, na última quarta-feira, a Liesa decidiu manter o regulamento e rebaixar a escola para o Grupo. Em uma reunião de portas fechados e votos secretos, os 42 membros, entre agremiações e pessoas que fundaram ou são beneméritas da Liga, deram o veredicto final. O resultado foi 28 votos a favor de respeitar o resultado do carnaval 2019, contra 13 membros que foram contra e uma abstenção. Decisão comemorada por Castanheira. 
Publicidade
"Não teria como me manter à frente da liga se houve algo que descumprisse o regulamento. Trata de um edital especifico com respaldo do colegiado. Foi uma decisão fundamental para o Carnaval", destacou ele que ainda não sabe se lança candidatura em 2021. "O mais importante agora é a gente viver esse momento de dificuldades. É uma responsabilidade muito grande que a gente tem, seja do ponto de vista criativo, administrativo e de recursos financeiros", conclui.