Cerca de 500 golfinhos escoltam pesquisadores do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores, da UERJ, em Copacabana - Divulgação/ Maqua-Uerj
Cerca de 500 golfinhos escoltam pesquisadores do Laboratório de Mamíferos Aquáticos e Bioindicadores, da UERJ, em CopacabanaDivulgação/ Maqua-Uerj
Por O Dia
Rio - Pesquisadores do Laboratório de Mamíferos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Maqua-Uerj) receberam uma surpresa espetacular na última sexta-feira. Cerca de 500 golfinhos-pintados-do-Atlântico apareceram e os escoltaram durante o trajeto de seu barco na Praia de Copacabana, Zona Sul do Rio. Como se a experiência ainda não fosse encantadora o suficiente, uma jovem baleia Jubarte também se aproximou para brincar com a turma.  
A imagem registrada é rara mesmo para os pesquisadores: "Nos 27 anos do Maqua-Uerj foi a primeira vez que um grupo tão grande de (golfinhos) pintados nos acompanhou. Logo depois algo muito especial aconteceu: eles encontraram uma jovem baleia-jubarte e começaram uma linda brincadeira. Imagens raríssimas que compartilhamos com vocês", diz a publicação da página do laboratório. 
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O oceanógrafo e engenheiro costeiro e ambiental, David Zee, explica que nessa época do ano é comum que grupos de cetáceos deixem as águas frias da Patagônia e do Polo Sul, e procurem águas mais quentes para procriar. 
"Eles estão fazendo exatamente a rota de migração de Sul para Norte, eles saem das águas frias da Patagônia e do Polo Sul e vão para águas mais quentes, as baleias, principalmente, indo em direção à Abrolhos, na Bahia, e durante esse trajeto, elas passam pela costa de vários estados brasileiros, principalmente no Rio de Janeiro, que a costa é de Leste para Oeste, e começam se projetar mais mar adentro. Com isso, a rota dos golfinhos e das baleias começa a se aproximar do litoral, por causa dessa morfologia geográfica que projeta-se em direção ao meio do Atlântico", afirma o oceanógrafo, que ainda diz que a procura pelo litoral brasileiro só acontece devido às boas condições dos mares.
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"Essa grande concentração de golfinhos e baleias indica que as condições oceanográficas são favoráveis, ou seja, existe, efetivamente, menos agressividade da perpetuação dessas espécies aqui, existe uma legislação que defende e protege esses mamíferos. Uma outra coisa que é bastante nociva para esses animais, é a questão do plástico nos oceanos, isso indica, em um primeiro momento, que o Brasil, pelo menos nas costas brasileiras, não é um grande fornecedor desses resíduos, como acontece na costa asiática, onde tem uma quantidade enorme de plástico nos oceanos."
Entretanto, o oceanógrafo diz que os mares do país não estão livres da poluição e reforça a importância da conscientização do uso de plástico, principal inimigo dos mamíferos aquáticos.
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"No Rio nós temos a Baía de Guanabara, que é um grande risco de contaminação de plástico em função da saída desse material, então, mais do que nunca a sociedade tem que contribuir e evitar o consumo de plástico, substituir o plástico, e principalmente evitar que o plástico chegue aos oceanos. Existe essa questão da Legislação Brasileira, que tem uma política bastante favorável à segregação, à retirada do plástico, e é preciso, também, que a sociedade fique alerta e pressiona as autoridades, no sentido de pedir aos órgãos competentes instrumentos para que possa substituir o plástico por um material que não seja tão nocivo aos oceanos e que pode ser extremamente perigosa para esses mamíferos aquáticos, porque eles podem ingerir e morrer."