Fiscais vão atuar no sistema de transporte a partir desta segunda - Reginaldo Pimenta / Agência O Dia
Fiscais vão atuar no sistema de transporte a partir desta segundaReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Por GUSTAVO RIBEIRO
Após diversas tentativas frustradas para combater os calotes no BRT, oito estações críticas dos corredores Transoeste e Transcarioca receberão obras para implantação de estruturas anti-evasão neste mês de julho. Barradores e elementos triangulares para evitar a entrada irregular e a permanência nas laterais das áreas de embarque serão instalados nas estações Mercadão, Recanto das Palmeiras, Vicente de Carvalho, Praça Seca, General Olímpio, Gastão Rangel, Cajueiros e Mato Alto. A última tem testes desde maio. A iniciativa é da equipe de intervenção responsável pela gestão do sistema desde o fim de janeiro.
“Nós estamos implantando em oito estações umas barreiras físicas. Vai impedir o calote? Não, não temos essa pretensão, mas vai reduzir bastante. Porque hoje o cara chega de terno e gravata, pisa aqui, pisa ali e está dentro da estação. Mulher com criança, homem, todo mundo sobe sem pagar. Essas estações terão o barrador e dois prismas triangulares para o cara não poder ficar em pé no beiral, porque se ficar ali ele escorrega. É obra mais rápida do que quebrar tudo”, explicou o interventor, Luiz Alfredo Salomão.
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Essas oito estações sofrem um total de 13.350 acessos irregulares por dia. A equipe da intervenção projeta uma recuperação teórica de R$ 667,5 mil dos calotes em receita por mês para um investimento de R$ 248,6 mil em obras ao longo de julho. Pelo cronograma, as estações receberão os dispositivos anti-calotes a partir desta semana até o fim do mês. Segundo a intervenção, as obras serão feitas pela prefeitura e pelo BRT.
Rio de Janeiro - RJ - 22/05/2019 - BRT - Estaçao Mato Alto, em Guaratiba, zona oeste do Rio, reabre apos instalaçao de equipamento contra calote, - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
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A instalação de guarda-corpos no Mato Alto, em maio, não impediu os caloteiros de invadir a estação. Outras medidas contra calotes não têm surtido o efeito esperado, como a lei municipal que prevê fiscalização por guardas municipais e multa no valor de R$ 170, e de R$ 255 em caso de reincidência, desde outubro. Raramente os agentes são vistos nas estações.
No mês passado, a prefeitura anunciou que a fiscalização seria reforçada com fiscais que solicitariam o cartão RioCard do passageiro para conferir em máquinas validadoras se a tarifa foi paga, a exemplo do que ocorre no VLT. O plano era começar a multar no fim de junho. No entanto, até agora a fiscalização não teve início. Barras de ferro também já tinham sido instaladas no passado, sem eficácia.
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O interventor esclareceu que o atraso da fiscalização com as máquinas validadoras depende da adaptação dos equipamentos pela Riocard TI. De 80 máquinas, apenas quatro foram liberados pela empresa, segundo Luiz Alfredo Salomão. A Riocard informou que “negocia com o BRT o prazo para entrega dos equipamentos”. Salomão também diz que a atuação dos guardas municipais no BRT não atende às necessidades do sistema.
“Os guardas municipais, para nós, não serve para quase nada. Porque o calote acontece principalmente na hora do rush. Eles (guardas) tinham que estar lá das 5h até as 7h, 9h. Mas cara chega às 9h, 10h. Eu disse na barba do (secretário municipal de Ordem Pública, Paulo) Amêndola: ‘Isso não funciona. Eu não estou desrespeitando vocês nem o trabalho de vocês, mas é incompatível às nossas necessidades com o que vocês podem nos dar”.
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Mobilidade Urbana - Estação de BRT Maré - Na foto movimentação de passageiros na estação e flagra de calote. Foto: Daniel Castelo Branco / Agência O Dia -
Como já havia sido anunciado, está em curso na Secretaria Municipal de Fazenda um processo de licitação para vender o nome das estações a parceiros comerciais. Com o valor arrecadado, a prefeitura pretende contratar policiais militares de folgas para atuar no sistema, combatendo vandalismo e evasão. A Guarda Municipal respondeu que atua com 116 agentes nas estações e nos horários com maior índice de calotes, atendendo ao que foi orientado pela equipe de intervenção do BRT.
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Segundo a Guarda, a fiscalização começa às 5h em estações do Transoeste, variando em outros corredores de acordo com a incidência. “Há ainda equipes destinadas ao ordenamento urbano no entorno das estações e na fiscalização do vagão feminino”, ressaltou em nota. O órgão informou que 3.116 multas foram aplicadas desde outubro, quando a fiscalização teve início, até a última sexta (12). Nesses nove meses, os agentes também registraram 12 ocorrências com prisões por crimes como furto, roubo e importunação sexual.
Balanço da intervenção
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Em entrevista exclusiva publicada na edição deste domingo de O DIA, Luiz Alfredo Salomão fez um balanço da intervenção no BRT, iniciada em 29 de janeiro e com término marcado para 29 de julho. Ele afirmou que a licitação sugerida pela equipe e prometida pela prefeitura para o segundo semestre deste ano está prejudicada com o acordo que o prefeito Marcelo Crivella vem estreitando para devolver a gestão do transporte ao Rio Ônibus, sindicato que representa os consórcios operadores dos ônibus da cidade.
Conforme Salomão, se o acordo for firmado, dificilmente exigências que constariam no edital de concessão serão exigidas das empresas, como a recuperação das pistas do corredor Transoeste, que sofre com buracos e lombadas desde o primeiro ano de operação.
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Na conversa, Salomão negou que tenha havido mudança de entendimento sobre a necessidade de uma licitação para o BRT. Ao longo de sua atuação na intervenção, ele apontou diversas vezes que o governo anterior, do ex-prefeito Eduardo Paes, entregou “de mãos beijadas” o serviço aos consórcios, sem concorrência. “Nessa questão, o prefeito é que tem que se alinhar comigo, porque eu sou constituinte. Se alguém tem que se alinhar é ele com a Constituição”, ressaltou o interventor na entrevista publicada ontem.
Salomão também disse que a prefeitura vem negociando, como contrapartida, investimentos das empresas para voltarem a administrar o BRT. Entre elas, o conserto de 90 ônibus quebrados, com valor estimado em R$ 10 milhões, a compra de 150 ônibus para a inauguração do corredor Transbrasil e também assumiriam por completo as estações, com a contratação de seguranças, como ocorre nas estações do metrô. Para continuar a operar o serviço, as 11 empresas que compõem um sistema formariam uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), com bens próprios e personalidade jurídica.
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Em nota, a prefeitura do Rio informa que a intervenção no BRT vai até o dia 29 de julho, "quando será apresentado um relatório final. A partir daí, serão tomadas as medidas necessárias."