Invasão ao Conjunto da Marinha, também em Nova Iguaçu, em agosto - Reprodução / TV Globo
Invasão ao Conjunto da Marinha, também em Nova Iguaçu, em agostoReprodução / TV Globo
Por Natasha Amaral
Rio - Sucessivas invasões de milicianos do bando do Wellington da Silva Braga, o Ecko, em diversas comunidades e condomínios de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, viraram motivo de preocupação para traficantes que dominavam o crime na região. Até então comandadas por criminosos do Comando Vermelho (CV), as comunidade do Belga, Dom Bosco, Grão Pará, Campo Belo, Sem Terrinha, Guacha, KM 32, Seropédica, Lagoinha, segundo conversas gravadas com autorização da Justiça, estavam cercadas por milicianos escondidos na mata. 
Em um dos áudios obtidos pelo DIA, um traficante conversa com Raphael Souza da Rosa – que foi preso nesta quinta-feira – e conta que milicianos estavam acampados na mata e que ameaçaram de morte quem estivesse vendendo drogas. "Eles tão ficando tudo dentro do mato, tudo de estratégia. Não pode correr pro mato, tão tirando plantão na mata. Eles tão ficando só de mata e depois que eles estão brotando a noite. Deram vários papos, bagulho de droga. Se pegar nós vendendo droga, pegar esses bagulho, falou que vai sumir com nós", dizia um criminoso durante a conversa. 
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Em outro momento, um deles questiona a movimentação na comunidade Grão Pará – tomada pela milícia em junho. "E lá no Grão como é que tá?", pergunta um. "No Grão eu não sei legal como tá, mas na reunião eles falaram assim: Não adianta ficar de fofoca porque nós tá ponta a ponta. Eles falaram que tá tudo com eles", responde o outro. 
Confira o áudio:
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Em outro áudio divulgado, os criminosos conversam sobre o poder balístico da milícia. "Os caras estão muito pesado. Estão só de fuzil. Tô me tremendo todo, não estava nem conseguindo falar". Confira: (Atenção! Contém palavrões)
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Operação Octopus
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A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio (MPRJ) fizeram, na manhã desta sexta-feira, uma operação contra um dos braços financeiros da milícia chefiada por Ecko. A Operação Octopus, como foi chamada, cumpriu 36 mandados de busca e apreensão em imóveis do grupo paramilitar no Conjunto da Marinha, em Nova Iguaçu, na Baixada.

As investigações para a operação começaram há dois meses, quando milicianos do bando de Ecko invadiram diversas comunidades do município. Além do Conjunto da Marinha, que é do Minha Casa, Minha Vida, eles tomaram regiões como Grão Pará, Pantanal, Dom Bosco, Marapicu, bem como outras localidades que ficam às margens da Estrada de Madureira (RJ-105).
Com a chegada dos milicianos, alguns criminosos que eram integrantes da fação Comando Vermelho (CV) e atuavam na região foram recrutados pelos novos invasores e passaram a fazer parte da milícia. Eles mesmo ajudaram os novos comparsas a identificar quem teria envolvimento com o tráfico e seus familiares. Aqueles que não aceitaram entrar para o bando fugiram e se refugiaram na Vila Kennedy, na Zona Oeste da capital.
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Prisão em central clandestina de TV

Nesta quinta, três pessoas foram presas dentro das investigações para a operação. Elas são suspeitas de fazerem parte da quadrilha e foram levadas para a 56ª DP (Comendador Soares), responsável pelas investigações. Uma delas é Raphael Souza da Rosa, que foi encontrado em uma das áreas de monitoramento do bando com uma câmera de segurança e um radiotransmissor.