Célia Maria de Oliveira, de 64 anos, faz hemodiálise há 42 e atualmente se trata em clínica particular - Estefan Radovicz
Célia Maria de Oliveira, de 64 anos, faz hemodiálise há 42 e atualmente se trata em clínica particularEstefan Radovicz
Por O Dia

Pacientes que necessitam de hemodiálise e diálise peritoneal têm muito pouco a comemorar — ontem foi celebrado o Dia D da Diálise. De acordo com a Associação Brasileira dos Centros de Diálise e Transplante (ABCDT), há anos o valor pago pelo Ministério da Saúde para os dois tratamentos estão abaixo do custo real e não acompanham a cotação do mercado, prejudicando o serviço e o atendimento aos doentes. Segundo a entidade, no Estado do Rio, entre os anos de 2009 e 2019, nove clínicas fecharam em decorrência do pagamento inadequado, e atualmente 130 pessoas aguardam na fila de espera.

A ABCDT esclarece que atualmente o Estado do Rio conta com 87 clínicas particulares que oferecem o tratamento ao Sistema Único de Saúde (SUS). "Com essas despesas e a grave diferença de valor, clínicas ameaçam encerrar suas atividades pela falta de recursos para compra de insumos para o atendimento aos pacientes", informou, em nota, a entidade.

Para a médica Ana Beatriz Barra, o tratamento está sucateado em todo o Brasil. "As pessoas não valorizam, não falam do assunto, mas, na verdade, é a única terapia que pode sustentar uma pessoa sem um órgão vital", destaca. Ana Beatriz, contudo, esclarece que a demora no diagnóstico tem sido um outro problema, uma vez que pode agravar o quadro dos pacientes.

"Acontece muito frequentemente a pessoa demorar muito para ter o diagnóstico. É muito ruim, porque não conseguem fazer a fístula, que é o melhor acesso vascular para o paciente, já que é dali que vai sair o sangue para ser filtrado. A maioria entra precisando de um cateter no pescoço ou na virilha, inchados, precisando de muito mais cuidados do que um paciente que foi planejadamente encaminhado para o tratamento", revela.

Até descobrir que sofria com uma glomerulonefrite — inflamação que afeta o glomérulo, onde ocorre a filtragem do sangue e a formação da urina —, Célia Maria Monteiro de Oliveira, de 64 anos, teve diversos diagnósticos. Tudo começou quando sua pressão arterial ficou acima do normal, depois foram problemas de vista, vômito e inchaço. Só após um exame de fundo de olho é que ela soube o problema era nos rins.

"Comecei a fazer o tratamento no Hospital Pedro Ernesto. Não demorou para começar porque, na época, não tinham tantos pacientes. Mas, o maquinário era muito antigo, algumas vezes pifavam, atrasava. Às vezes, eu chegava de manhã e só saía à noite", lembra Célia.

 

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