Rio - O grito de Victor Marins, de 29 anos, frente ao caixão do irmão Thiago da Conceição Marins, 31 anos, expressava a dor de uma família. Atingido por uma bala perdida na sexta-feira, em frente ao Plaza Shopping, em Niterói, o rapaz foi enterrado neste domingo, no Cemitério Parque Nycteroy.
"Tento ter forças nesse momento, pelos filhos, pela mulher dele e pela nossa mãe. Peço agilidade do Estado nas investigações para confortar a nossa família. Não culpo nem policial, nem bandido, vamos esperar um veredito da perícia", disse Victor. Vendedor de uma loja de brinquedos no shopping, Thiago voltava do lanche quando foi baleado, durante um tiroteio entre criminosos e policiais. "Sempre que podíamos, íamos lanchar juntos, no shopping, porque também trabalho lá. Nesse dia, só cumprimentei ele pela manhã", contou o irmão da vítima, que é garçom.
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Thiago deixa dos filhos e um enteado. Muito emocionada, a viúva Keny Haloma era casada com ele há oito anos. "Ele levava os filhos para a escola, fazia questão de reunir toda a família. Dizia que o sonho era botar uma mesa grande no quintal para unir todos. Um marido maravilhoso, um amigo, companheiro e pai excelente", afirmou. "Ser pai para ele era tudo. Quando veio o primeiro filho, foi uma felicidade muito grande", completou o irmão Victor.
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Segundo o pai, Demilson Marins, Thiago estava prestes a ser efetivado no trabalho. "Ele estava na loja há dois anos, fazendo curso para ser gerente. Nessas últimas duas semanas, conversamos bastante e ele pediu para reunir a família. Não esperava que seria no velório dele", relatou. O rapaz morreu na manhã de sábado no Hospital Azevedo Lima, no Fonseca, após uma cirurgia para tentar conter o sangramento. "Quando recebi a notícia que ele foi baleado, já sabia que tinha perdido meu filho. Fiquei em um estado deplorável, é muito triste".
Amigo da família, Márcio Prestes fez um discurso em homenagem para Thiago no momento do enterro. "Viver hoje em São Gonçalo, em Niterói, no Estado do Rio de Janeiro é tentar sobreviver cada dia. Ele não estava em favela, em assalto, estava simplesmente tirando seu horário de lanche. Assim como foi ele, poderia ter sido qualquer um de nós. Um rapaz cheio de vida, projetos e sonhos, que eu vi crescer", lamentou ele.
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*Sob supervisão de Waleska Borges
