Garotinho e Rosinha foram presos no apartamento do casal, no Flamengo, Zona Sul do Rio de Janeiro - REPRODUÇÃO TV GLOBO
Garotinho e Rosinha foram presos no apartamento do casal, no Flamengo, Zona Sul do Rio de JaneiroREPRODUÇÃO TV GLOBO
Por GUSTAVO RIBEIRO
As prisões de Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, na Operação Secretum Domus, deflagrada ontem pelo Ministério Público Estadual, aumentaram para quatro o número de ex-governadores do Rio atrás das grades — juntando-se a Luiz Fernando Pezão e Sérgio Cabral, este último condenado a 233 anos. O casal é acusado de superfaturar contratos em Campos, num prejuízo de R$ 62 milhões.
A frágil moralidade da política fluminense, permeada por escândalos de corrupção, fortalece o colapso financeiro que afundou o estado, agravado por fatores econômicos, como a perda dos royalties do petróleo.
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Engrossam a lista da vergonha ex-deputados e deputados eleitos, também presos, entre eles três ex-presidentes da Assembleia Legislativa (Alerj).
Garotinho (sem partido) e Rosinha (Patriota) foram presos, de manhã, no apartamento do casal, no Flamengo. Segundo o MPRJ, eles beneficiaram a Odebrecht em licitações quando Rosinha era prefeita de Campos, entre 2009 e 2016, para a construção de 9.674 casas populares dos programas Morar Feliz I e II.
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As investigações apontam que os contratos, somados a aditivos, custaram R$ 1 bilhão, com superfaturamento superior a R$ 62,5 milhões, dos quais R$ 25 milhões teriam sido repassados em propina ao casal.
Depois de levados à Cidade da Polícia, foram para o Presídio José Frederico Marques, em Benfica.
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Também foram presas, ontem, três pessoas com cargos comissionados na Alerj, apontadas como intermediárias dos pagamentos ilícitos: Sérgio dos Santos Barcelos, subsecretário estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos do governo do Rio; Ângelo Alvarenga Cardoso Gomes, assessor parlamentar do deputado estadual Jair Bittencourt (PP); e Gabriela Trindade Quintanilha, assessora parlamentar da deputada Lucinha (PSDB).
"A denúncia teve como foco uma investigação em que se descortinou um gigantesco esquema criminoso no município, referente a certames licitatórios recheados de irregularidades, sobretudo superfaturados", disse a promotora Simone Sibilio, coordenadora do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
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“É notório o poder dissuasório que os dois réus (Garotinho e Rosinha) possuem em Campos. O regular andamento do processo exige a prisão de todos os denunciados, para que a colheita das provas em juízo possa se dar livre da indevida ingerência dos acusados”, acrescentou.
Os bastidores foram revelados por dois executivos da Odebrecht, em acordo de colaboração na Lava Jato: os denunciados Leandro Andrade Azevedo e Benedicto Barbosa da Silva Junior. Outro executivo da empresa, Eduardo Garrido Fontenelle, também foi denunciado. Segundo o MPRJ, estudos técnicos constataram o superfaturamento e apenas cerca de 700 casas de 4.570 do Morar Feliz II foram construídas.

Casal acumula passagens polêmicas pela prisão
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Esta é a quarta prisão de Garotinho e a segunda de Rosinha. A primeira vez do ex-governador foi em novembro de 2016, na Operação Chequinho, que investigou compra de votos em Campos com o programa ‘Cheque Cidadão’. Garotinho passou mal e foi removido à força do Hospital Souza Aguiar para Bangu.
Em setembro de 2017, Garotinho foi preso enquanto apresentava programa de rádio. A Justiça
Eleitoral o condenou a 9 anos e 11 meses por corrupção eleitoral, entre outros crimes. Depois, passou à prisão domiciliar. Em novembro de 2017, o casal foi preso na Operação Caixa D’Água, ambos acusados de corrupção, organização criminosa e falsidade em contas eleitorais.
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Garotinho fez greve de fome e disse ter sido agredido. Outros políticos presos são os exdeputados estaduais Paulo Melo, Jorge Picciani (domiciliar) — ex-presidentes da Alerj, posto já assumido por Sérgio Cabral — e Edson Albertassi, todos do MDB. Os três foram alvos da Operação Cadeia Velha, em 2017. Alvos da Furna da Onça, em 2018, estão presos os deputados André Corrêa (DEM), Luiz Martins (PDT), Marcos Abrahão (Avante) e Marcus Vinicius Neskau (PTB). Chiquinho da Mangueira (PSC) cumpre
prisão domiciliar. O ex-deputado federal Eduardo Cunha (MDB-RJ) está preso desde 2016, condenado na Lava Jato.

‘Bolinha’, ‘Bolinho’ e ‘Pescador’
De acordo com o MPRJ, havia um setor na Odebrecht para operacionalizar os pagamentos, chamado de Operações Estruturadas. Garotinho seria identificado nas planilhas como ‘Bolinha’, ‘Bolinho’ e ‘Pescador’. A entrega seria feita, em espécie, pelo prestador Álvaro Galliez Novis e pela transportadora Transmar. Segundo a investigação, Sérgio Barcelos foi intermediário em 2008; Ângelo Gomes, em 2012; e Gabriela Quintanilha, em 2014. Álvaro Novis não faz parte do mesmo núcleo investigatório e tem acordo de colaboração premiada.
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A defesa de Garotinho e Rosinha vai recorrer e disse que as prisões, determinadas pela 2ª Vara Criminal de Campos, são ilegais. Afirmou que a Odebrecht reclama em juízo um prejuízo de R$ 33 milhões e que, por isso, estranha que se fale em superfaturamento.
A Odebrecht disse que tem colaborado com as autoridades. O governo do Rio e Jair Bittencourt informaram que Sérgio Barcelos e Ângelo Alvarenga serão exonerados. Já Lucinha vai aguardar a conclusão da investigação. Os demais citados não se posicionaram.