
A advogada da família, Paula Lindo, reforçou que, pelo que ela apurou, não existe outra possibilidade a não ser um tiro disparo por um agente do Estado.
Segundo parentes do pedreiro, ele foi atingido pelas costas e morreu ainda no local. “Meu irmão morreu com um prego na mão e o martelo do lado. A arma dele era um martelo. Acreditamos que confundiram ele com algum bandido por ele estar na laje, mas meu irmão era trabalhador. Ele foi executado”, afirmou o irmão da vítima, Janilson Baía.

“Eu moro lá também, mas na hora estava trabalhando. O que todos falaram foi que a viatura já estava saindo da comunidade, os policiais estavam praticamente na Avenida Brasil, quando viram meu irmão e os dois ajudantes na laje. Alguns PMs saíram da viatura e uma policial mulher, uma loira, pelo que contaram, atirou de baixo para cima, em direção a laje, o tiro entrou pelas costas e saiu quase na garganta. O pessoal começou a falar que era trabalhador. Falaram que ela sentiu que tinha feito besteira, aí eles entraram na viatura e foram embora”, narrou Janilson.

A família ainda não teve acesso ao resultado do exame de necropsia realizado no Instituto Médico Legal (IML) de São Cristóvão. Mesmo assim, os irmãos de José acreditam que a PM tenha atirado contra o pedreiro. A advogada deles, Paula Lindo, declara que as circunstâncias precisam ser analisadas com rigor, mas que mesmo assim o Estado deve ressarcir a família do pedreiro.
“Existe um relato de um erro de uma agente do Estado e em decorrência desse erro, a gente precisa verificar as medidas cabíveis. A princípio, o Estado tem que ressarcir, pelos prejuízos causados, foi uma vida que foi ceifada. O rapaz era trabalhador, sem antecedentes criminais, pedreiro, querido na comunidade, hoje deixa cinco filhas. A situação é muito triste”, disse Paula Lindo.
Para a advogada, os relatos dos moradores não deixam dúvidas da culpa do Estado, na morte do pedreiro. “Ele foi alvejado de costas para a Avenida Brasil, então do que a gente escuta, não existe outra possibilidade a não ser um disparo feito por um agente do Estado. O laudo pericial ainda não saiu. No local, comenta-se que foi um único disparo, realizado por trás e a perfuração saiu na altura do pescoço”, afirmou Paula.

Em nota, o Governo do Rio lamenta a morte de vítimas inocentes em ações policiais. As operações realizadas pelas polícias, acrescenta, são pautadas por informações da área de inteligência e seguem protocolos rígidos de execução, sempre com a preocupação de preservar vidas. "Todas as mortes decorrentes de intervenção de agente público são apuradas. Caso comprovado algum excesso, são aplicadas punições previstas em lei", finaliza.

José era o mais velho de cinco irmãos. Mineiro, nascido no distrito de Cachoeira Alegre, na cidade Barão de Monte Alto, ele veio para o Rio de Janeiro em 1997 e desde então morava na Vila Kennedy.
“Ele era um homem muito bom de coração, amável, querido. Não media esforços para ajudar o próximo, estava sempre à disposição para ajudar os outros. Era muito trabalhador, sempre era muito requisitado porque todo mundo elogiava o trabalho dele”, finalizou.
O pedreiro era pai de cinco filhas e também deixa um neto de apenas um ano.
O enterro de José acontecerá em sua cidade natal, em Minas Gerais. “A prefeitura da nossa cidade nos ofereceu ajuda para levarmos o corpo para lá”, contou o irmão.
A Secretaria de Estado de Vitimização e Amparo à Pessoa com Deficiência está em contato com parentes de José Pio Bahia Júnior para prestar todo auxílio possível e vai providenciar o traslado do corpo para Minas Gerais, conforme desejo manifestado pela família.
O Estado lamenta a morte de vítimas inocentes em ações policiais. As operações realizadas pelas polícias, que têm como principal objetivo localizar criminosos e apreender armas e drogas, são pautadas por informações da área de inteligência e seguem protocolos rígidos de execução, sempre com a preocupação de preservar vidas. Todas as mortes decorrentes de intervenção de agente público são apuradas. Caso comprovado algum excesso, são aplicadas punições previstas em lei.