Obras abandonadas no Espaço de Desenvolvimento Infantil, com três blocos e dois andares. No projeto, o local atenderia crianças de creche e pré-escola na comunidade Rio das Pedras, em Jacarepaguá - Fotos de leitores
Obras abandonadas no Espaço de Desenvolvimento Infantil, com três blocos e dois andares. No projeto, o local atenderia crianças de creche e pré-escola na comunidade Rio das Pedras, em JacarepaguáFotos de leitores
Por Maria Luisa de Melo

Rio - Milhares de vagas que poderiam ser oferecidas para estudantes dos ensinos Fundamental e Médio do Rio são desperdiçadas. Pelo menos cinco escolas tiveram sua construção interrompida nos últimos três anos. Enquanto isso, a população se queixa de falta de vagas. As informações constam em relatório do gabinete do deputado estadual Carlo Caiado (DEM). Segundo o documento, a cidade conta com 53 escolas cujas obras não foram completamente concluídas. Há unidades que funcionam até sem a conclusão da rede de esgoto.

Na Favela do Rio das Pedras, na Zona Oeste, um extenso prédio de três blocos e dois andares, próximo à Estrada de Jacarepaguá, transformou-se numa grande obra abandonada. No local, seria erguido uma unidade do Espaço de Desenvolvimento Infantil, modelo voltado para atender alunos de creche e pré-escola. Mas o projeto está em ruínas.
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Morador do Rio das Pedras, o mestre de obras Antônio Cardoso Vieira, de 51, aponta o prejuízo da obra parada. Ele tem uma neta de 3 anos fora da pré-escola por falta de vaga. "É muito descaso, porque todo o dinheiro que até hoje foi empregado nessa grande construção está indo para o lixo. A obra se deteriora a cada dia que passa", critica.
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O mesmo acontece nos bairros de Curicica, Tanque, Guaratiba e Costa Barros. Em Curicica, a cuidadora Luciene Soares, de 36 anos, busca uma vaga mais perto de casa para a filha de 6 anos. "Conseguir vaga em creche e pré-escola é quase impossível. Perto de casa, então, nem se fala. Se finalmente inaugurássemos essa escola, melhoraria a vida de muita gente", diz ela que tem dois sobrinhos estudando a mais de três quilômetros de distância de casa.
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Na Estrada do Magarça, na localidade conhecida como Jardim Cinco Marias, em Guaratiba, uma escola municipal aparentemente em fase final de construção, está cercada por tapumes. Nunca foi inaugurada, nem tem previsão de ser. Não há alunos, só matagal.
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Em Costa Barros, às margens da Estrada de Botafogo, na altura do Morro da Lagartixa, moradores relatam que uma escola que em construção também foi invadida. Segundo eles, a obra foi está abandonada há cerca de dois anos. No local, muros de alvenaria foram erguidos e até um portão foi instalado. No lugar de estudantes, cavalos ocupam o espaço.
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Mas o abandono não é exclusividade da rede municipal. Um terreno comprado no bairro do Tanque, para construção de sede própria do Colégio Estadual Stella Matutina conta apenas com estruturas metálicas. Enquanto isso, o governo paga aluguel de um prédio no mesmo bairro. "É uma despesa mensal que poderia ser economizada se fizessem logo essa obra", critica Maria Luiza Machado, de 60 anos, vizinha à construção.
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Deputado tenta estadualização das unidades abandonadas
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Autor do relatório com a denúncia, o deputado Carlo Caiado (DEM) tenta sensibilizar o governo estadual para estadualizar as unidades municipais abandonadas e concluir a obra do CE Stella Matutina. "Não podemos permitir que os recursos já investidos nessas unidades de ensino se percam. Algumas obras inacabadas estão se deteriorando. Enquanto isso, temos déficit de vagas em inúmeras regiões da cidade", observa.
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Procurada, a Secretaria Municipal de Educação informou que as obras mencionadas foram paralisadas no governo anterior, em 2016. A Prefeitura informou ainda que "existe um cronograma de reforma que contempla diversas outras unidades", mas não mencionou tais prazos. Já a Secretaria estadual de Educação informou que abriu o processo licitatório para implementação do Colégio Estadual Stella Matutina. A concorrência foi publicada no D.O. do último dia 23. A promessa é de que obras sejam concluídas em seis meses.
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