Rio - A partir desta semana, pesquisadores da Coppe/UFRJ investigarão quais áreas do país ainda poderão ser atingidas pelo óleo que já se espalhou pelo litoral de nove estados do Nordeste. Será a segunda fase de um estudo que apontou a possível origem do material poluente: uma área entre 600 e 700 quilômetros da costa brasileira, na fronteira entre Sergipe e Alagoas.
"Considerando os pontos onde foi localizado óleo, foi feito um trabalho de modelagem inversa. A partir das condições hidrodinâmicas, calculamos a trajetória do óleo voltando no tempo para tentar achar a origem", ressaltou Carina Bock, pesquisadora do Laboratório de Métodos Computacionais em Engenharia da Coppe/UFRJ.
O próximo passo será fazer a mesma modelagem para frente. O objetivo é descobrir para onde o óleo pode se deslocar. Será possível saber, por exemplo, se ele chegará ao Estado do Rio, em quanto tempo e possíveis pontos de entrada. A primeira fase do estudo concluiu que o material deve ter começado a se espalhar entre julho e agosto.
O oceanógrafo David Zee, da Uerj, se preocupa com a falta de ações de contenção por parte do governo federal e vê grandes chances de o Espírito Santo e o Rio de Janeiro serem atingidos. A mancha se estende do Maranhão ao Norte da Bahia.
"As praias do Norte e Nordeste vão ficar com resquícios do óleo pelos próximos 20 anos. Se chegar ao Sul da Bahia, o Espírito Santo é a bola da vez", comentou Zee. No Rio, segundo ele, a entrada se daria pelos municípios de São Francisco de Itabapoana, Barra de São João e Quissamã, no Norte do estado. "Se chegar àquela região, a pesca vai ser afetada e muita gente faz pesca de subsistência nessas cidades".
Segundo o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o Ibama garantiu que não foi identificada mancha em alto mar nem tendência de deslocamento nas proximidades do Estado do Rio. O órgão informou que possui um plano de contingência que abrange o cenário de surgimento de óleo em praias, e que mantém a vigilância.
Marinha e PF investigam o acidente ambiental