Cerca de 60 agentes participaram da ação. Família de Pio acredita que o tiro tenha partido da polícia - Estefan Radovicz
Cerca de 60 agentes participaram da ação. Família de Pio acredita que o tiro tenha partido da políciaEstefan Radovicz
Por Anderson Justino
Rio - A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) realizou, na manhã desta quarta-feira, a reprodução simulada da morte do pedreiro José Pio Baía Júnior, de 45 anos. Pio foi atingido por um tiro de fuzil nas costas no último dia 3 de setembro enquanto trabalhava em uma laje na comunidade Vila Kennedy, na Zona Oeste do Rio. Familiares acusam a Polícia Militar de ser a autora do disparo.

Cerca de 60 agentes, entre homens da DHC e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) estiveram envolvidos na ação. A reconstituição foi acompanhada por peritos do Grupo de Atuação Especializada em Segurança Pública (Gaesp) do Ministério Público Estadual e por uma promotora do MPRJ.

"Foi bem produtivo o que fizemos aqui. Apesar de ter passado dois meses as testemunhas contaram com detalhes o que aconteceu no dia do fato", explica a promotora Karina Puppin.

Galeria de Fotos

Delegacia de Homicídios fez reprodução simulada de morte de pedreiro na Vila Kennedy Estefan Radovicz / Agência O Dia
Delegacia de Homicídios fez reprodução simulada de morte de pedreiro na Vila Kennedy Estefan Radovicz / Agência O Dia
Delegacia de Homicídios fez reprodução simulada de morte de pedreiro na Vila Kennedy Estefan Radovicz / Agência O Dia
Delegacia de Homicídios fez reprodução simulada de morte de pedreiro na Vila Kennedy Estefan Radovicz / Agência O Dia
Delegacia de Homicídios fez reprodução simulada de morte de pedreiro na Vila Kennedy Estefan Radovicz / Agência O Dia
Delegacia de Homicídios faz reprodução simulada de morte de pedreiro na Vila Kennedy Estefan Radovicz / Agência O Dia
Delegacia de Homicídios faz reprodução simulada de morte de pedreiro na Vila Kennedy. Pio foi atingido por um tiro na cabeça no dia 3 de setembro enquanto trabalhava em uma laje Estefan Radovicz / Agência O Dia
Delegacia de Homicídios fez reprodução simulada de morte de pedreiro na Vila Kennedy Estefan Radovicz / Agência O Dia
Delegacia de Homicídios faz reprodução simulada de morte de pedreiro na Vila Kennedy Estefan Radovicz / Agência O Dia


A reprodução, marcada para começar as 10 horas, começou por volta das 11h. Os PMs, lotados no 14º BPM (Bangu) não compareceram. Os advogados de defesa dos policiais reforçaram que todos confirmam que havia tiroteio no dia da morte do pedreiro. “Eles não podiam estar presentes por questão de segurança”, disse um dos advogados.
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A advogada Paula Lindo, que representa a família de José Pio contesta a versão dos policiais. “Como que ele iria ficar em cima de uma laje no meio do fogo cruzado? Todas as testemunhas afirmam que ele foi baleado pelas costas e por policiais que estavam na Avenida Brasil. A família do José ainda está muito abalada com essa tragédia. Ele foi morto trabalhando”.

Parentes de José Pio acompanham o trabalho dos policiais. "Hoje essa reconstituição é muito importante para provar que esse tiro partiu de um agente do Estado. Pra família é indiferente se partiu de um homem ou de uma mulher. A família não está procurando por vingança, queremos apenas que a justiça seja feita. Esse agente ainda continua na rua, o Estado precisa tirar essa pessoa da rua. Meu irmão foi ferido pelas costas, o tiro veio da Avenida Brasil e só a polícia estava lá. Nossa família está despedaçada. Não é fácil perder um parente dessa forma", diz Janilson Baía, irmão do pedreiro.

"O Juninho era uma pessoa maravilhosa, tá fazendo muita falta. Eu desci da laje e quando abri a porta de casa ouvi os disparos. Um amigo que estava com o Juninho gritou que ele estava baleado. Infelizmente estou com minha obra parada. Tá sendo difícil segurar essa barra. O Juninho era amigo de todo mundo aqui na comunidade", falou Moisés Couto, dono da obra em que José Pio trabalhava.
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Os irmãos do pedreiro José Baía Junior reforçaram que, mesmo após dois meses da morte dele, a família não foi amparada pelo Estado. Uma advogada particular é quem tem auxiliado os familiares.

"São cinco filhos deixados por ele. Minha sobrinha morava no imóvel onde meu irmão morava e precisamos tira-la daqui porque as pessoas flagraram os policiais militares que estiveram na ocorrência da morte dele em uma operação aqui na Vila Kennedy. A família foi obrigada a tomar essa decisão com medo de algo pior”, disse o irmão Janilson.

Horas antes da reprodução simulada agentes do 14º BPM (Bangu) realizaram uma operação contra traficantes da Vila Kennedy. Um veículo blindado foi flagrado nas ruas da comunidade.