Pela decisão do juiz, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz deverão ser mantidos presos durante todo o processo
 - Divulgação / Polícia Civil
Pela decisão do juiz, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz deverão ser mantidos presos durante todo o processo Divulgação / Polícia Civil
Por Bruna Fantti
Rio - O Ministério Público do Rio afirmou, nesta quarta-feira, que "o porteiro (do condomínio do presidente Jair Bolsonaro) mentiu" ao dizer que Élcio de Queiroz foi autorizado a entrar no local com a permissão de alguém da residência do presidente. Élcio foi ao condomínio horas antes de matar a vereadora Marielle Franco para encontrar outro envolvido no crime, Ronnie Lessa, que também possui residência no mesmo condomínio da Barra da Tijuca.
Lessa tem duas casas no condomínio de alto luxo, na Zona Oeste do Rio, com as numerações 64 e 65. Já Bolsonaro reside na casa número 58. O porteiro, por sua vez, anotou na planilha de controle de entrada que Élcio iria na residência de número 58. E, em dois depoimentos, em dias distintos, reafirmou que Élcio pediu autorização para ir na casa de Bolsonaro e chegou a interfonar para a casa do presidente, na época, deputado federal solicitando a autorização. As informações do depoimento do porteiro foram reveladas pela TV Globo, que ainda disponibilizou um trecho do relato. Nele, o porteiro afirma que uma pessoa com a voz parecida do presidente autorizou a entrada. A informação, de acordo com promotoras do Ministério Público, não foi comprovada.
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Indagada pelo O DIA sobre se foi um erro da portaria a anotação, a promotora Simone Sibilo, coordenadora do Gaeco, afirmou que "o motivo será apurado" e completou afirmando que "o porteiro mentiu". "Por que o porteiro lançou o número 58? Pode ser por vários motivos que serão apurados. O fato é que as ligações comprovam que Ronnie Lessa autoriza a entrada e que Élcio Queiroz vai para a casa de Ronnie Lessa. O porteiro mentiu. E isso já foi comprovado com a prova técnica", afirmou.
Segundo o MP,o porteiro pode ser processado por falso testemunho.O condomínio da Barra da Tijuca grava as ligações das portarias para as residências. O Ministério Público solicitou as gravações de janeiro a março de 2018 e, em laudo, indagou se elas tinham sofrido alteração. A resposta foi negativa. No entanto, o laudo não é assertivo na possibilidade de que alguma gravação tenha sido excluída.
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Apesar de a declaração do porteiro conter, em tese, alegações falsas, o depoimento foi enviado para o Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 10 de outubro, junto com as planilhas e os áudios. Isso porque a simples menção ao presidente Jair Bolsonaro, deputado federal à época do crime, já faz com que seja necessário subir o caso, por causa do foro privilegiado.
O áudio do interfone do condomínio foi cruzado com outro áudio de Lessa pelo MP, a fim de comprovar que aquela era sua voz. Além disso, o horário batia com o que constava na planilha de entrada no Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio.