Policiais militares envolvidos em ação que matou Ágatha, quando foram prestar depoimento na Delegacia de Homicídios - Reginaldo Pimenta / Arquivo / Agencia O Dia
Policiais militares envolvidos em ação que matou Ágatha, quando foram prestar depoimento na Delegacia de HomicídiosReginaldo Pimenta / Arquivo / Agencia O Dia
Por Anderson Justino
Rio - A Polícia Civil informou, nesta terça-feira, que o policial militar da UPP- Fazendinha, responsável pelo disparo que atingiu a menina Ágatha Vitória Salles, de 8 anos, mentiu em seu depoimento na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). A Polícia Civil trata como "erro de execução" o caso e diz que a intenção do PM era advertir a dupla de moto, não matar a pequena Ágatha. 

De acordo com o delegado Marcus Drucker, responsável por conduzir as investigações, o PM inicialmente contou a versão de que teria ocorrido um tiroteio na comunidade e que logo depois ele atirou na direção de dois homens armados que estavam numa motocicleta. "A gente conseguiu identificar, através dos depoimentos, que não havia nenhuma pessoa armada naquele momento perto dos policiais. O PM contou ter visto a arma, mas conseguimos identificar que não tinha", contou.
Em depoimento, uma testemunha contou à polícia que os jovens na moto carregavam uma esquadria de alumínio.

Ainda segundo o delegado, ao atirar na direção da dupla na moto o policial assumiu o risco de matar. "Ele assumiu esse risco e vai responder pelo crime", explicou Drucker, afirmando que o projetil antes de atingir as costas da menina Ágatha ricocheteou em dois lugares, no poste e na tampa do motor da kombi.

Questionado sobre a presença de policiais militares Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, para recolher os fragmentos da bala, Drucker descartou a hipótese.
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Reconstituição do assassinato de Ágatha: Delegacia de Homicídios constatou que PM mentiu ao falar de homens armados para justificar tiro em kombi - Daniel Ramalho/Arquivo/AFP


O policial militar foi indiciado por homicídio doloso, quando existe a intenção de matar. O PM segue em liberdade. O delegado Daniel Rosa, diretor da DHC, explicou que a polícia pediu à justiça o afastamento imediato do policial militar.

"A decisão de responder em liberdade não impede que ele (policial) seja preso futuramente. Pedimos que ele seja afastado das funções e, a partir de agora, a decisão final será da Justiça".

O inquérito ficou pronto anteontem e será entregue ao Ministério Público amanhã.
Em nota a PM informou que "o policial, apontado pela Polícia Civil como autor do disparo, está afastado de suas atividades nas ruas".

Família reclama de demora nas investigações

Após a conclusão do inquérito familiares da pequena Ágatha Félix se manifestaram sobre a decisão.

"Ele precisa pagar pelo crime que cometeu. Todos nós já sabíamos de onde o tiro que atingiu a minha sobrinha partiu. O que nos deixa assustado é saber da decisão de não prender. Nossa família ainda está muito abalada com tudo isso", desabafou o tio paterno Danilo Félix, que reclamou da demora nas investigações. "Vamos brigar para que ele pague por esse crime. Ele (policial) atirou para matar".
Ágatha tinha 8 anos - Arquivo Pessoal