Clinica da família do Méier   - Estefan Radovicz / Agência O Dia
Clinica da família do Méier Estefan Radovicz / Agência O Dia
Por O Dia
Rio - Em um vídeo publicado nas redes sociais, Eduardo Paes, ex-prefeito do Rio, critica a gestão da rede de saúde da cidade, administrada pelo prefeito Marcelo Crivella. O setor vive uma grave crise com a recente paralisação dos serviços de atenção básica, nas 210 unidades das clínicas da família — a legalidade da greve está sendo questionada no TRT. Na gravação, o ex-prefeito cita um vídeo que também circula na internet e mostra promessas de campanha de Crivella durante as eleições de 2016 acompanhada de reportagens dos últimos dois anos apontando problemas na cidade, principalmente na saúde.

Paes rebate críticas de que teria tirado dinheiro da saúde e diz que investia 25% do orçamento municipal na área. "Chegamos a 70% de atenção básica na saúde com as clínicas da família, principalmente nas zonas Oeste e Norte. Fizemos hospital na Ilha; Hospital da Mulher, em Bangu, a nova maternidade no Centro, no Souza Aguiar; assumimos o Pedro II, o Albert (Schweitzer), o Rocha (Faria), que têm que ser municipais mesmo", enumerou o ex-prefeito.

Eduardo Paes também lembrou que, "no auge da crise do Brasil", entre 2015 e 2016, "emprestava dinheiro para o governo do Estado na área de saúde". "O Brasil estava quebrado, o Estado não pagava servidor e a prefeitura tinha dinheiro para cumprir suas obrigações e ainda emprestar dinheiro para o Estado na área da saúde", disse.

No fim do vídeo, Paes fez duras críticas ao prefeito Marcelo Crivella, dizendo que o Rio "não aguenta mais aventura".

"Não tem mais espaço para esse tipo de erro. Gente que não tem compromisso com a cidade, que não entende o Rio de Janeiro, mas principalmente que não tem capacidade de gerenciá-lo, de governar, de tocar e fazer a máquina andar, a gente não aguenta mais surpresa. E esse certamente, dos vários crimes, os problemas que o Crivella traz para o Rio de Janeiro, é o mais grave", finalizou.
Publicidade
Procurada, a prefeitura ainda não comentou o vídeo de Eduardo Paes.
Crivella em Brasília
Publicidade
Nesta terça (10), Marcelo Crivella anunciou, em uma postagem no Facebook, que o salário dos 5 mil agentes de saúde das clínicas da família e dos técnicos de enfermagem serão depositados nesta quinta-feira. "Conseguimos também a liberação de R$ 36 milhões para o custeio dos hospitais Albert Schweitzer, em Realengo, Rocha Faria, em Campo Grande e Pedro II em Santa Cruz. A nossa luta continua por um Rio mais justo e humano para todos", escreveu.
Mais cedo, o prefeito se reuniu com o presidente Jair Bolsonaro por cerca de 10 minutos. Após o encontro, o presidente disse que Crivella está "com a corda no pescoço" e disse que vai ajudá-lo "se for possível e legal". Uma petição da prefeitura ao Tribunal Superior do Trabalho (TST) solicita que seja autorizado excepcionalmente um arresto de R$ 325 milhões para pagar funcionários de organizações sociais (OSs) que administram hospitais e clínicas da família. Essa verba foi repassada para a União especificamente para obras de infraestrutura.
Publicidade
"Não paramos um minuto. Várias agendas para tratar de um tema só, recursos para a saúde. Somos credores de vários convênios e precisamos desses recursos para colocar em dia os pagamentos para as OSs" afirmou o Crivella fazendo referência a encontros com Bolsonaro e o presidente da Caixa, Pedro Guimarães.
O valor de R$ 36 milhões, no entanto, não cobre nem 10% do necessário para o setor. Preocupada com a situação, a bancada federal do Rio quer a criação de um gabinete de crise. Em iniciativa de Jandira Feghali (PCdoB), Marcelo Freixo (PSOL), Pedro Paulo (DEM),  Benedita da Silva (PT), Alexandre Serfiotis (PSD) e Chico D'Angelo (PDT) assinaram um documento a ser entregue para o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). O governador Wilson Witzel montou um gabinete de crise, com a secretaria estadual de saúde, para o mesmo propósito.