Levantamento da plataforma Fogo Cruzado revelou aumento de 93% no número de vítimas de bala perdida no mês de fevereiro de 2020, em comparação com o mesmo período de 2019. De acordo com o estudo, foram 27 pessoas baleadas, com dois mortos, e 14 no ano passado, com uma morte. Por outro lado, foram registrados 399 tiroteios e disparos de arma de fogo na Região Metropolitana do Rio no mês passado, o que representou uma queda de 40% em relação ao mesmo período de 2019, quando houve 661 registros.
O Rio teve o maior número de tiroteios entre os municípios da Região Metropolitana. Foram 250 registros, 63% de todo o acumulado do Grande Rio, em fevereiro (399). São Gonçalo (45), Belford Roxo (21), Duque de Caxias (21) e São João de Meriti (18) completaram o ranking. A capital fluminense também teve o maior número de mortos (37) e feridos (62). Em comparação com janeiro (430), fevereiro teve uma queda de 7% nos tiroteios, quando foram registrados 399. O número de baleados também aumentou 4% — foram 219 em fevereiro e 211 no mês anterior.
Para o presidente do Instituto de Criminalística e Ciências Policiais da América Latina, José Ricardo Bandeira, o resultado do maior número de vítimas de bala perdida e menos tiroteios é resultado dos efeitos colaterais de quando se é priorizado o enfrentamento policial. "Hoje nos temos menos tiroteios, porém, com mais intensidade. Temos uma polícia que está exercendo com mais fervor o seu papel de enfrentamento. Temos uma Polícia Militar que enfrenta mais até mesmo por política governamental", avaliou.
O enfrentamento como combate à criminalidade também é apontado pelo coronel Robson Rodrigues, ex-chefe do Estado Maior da Polícia Militar, como consequência do maior número de vítimas de bala perdida. "A criminalidade não está controlada. O enfrentamento é priorizado e há aumento da tensão. Sem ações de inteligência, vemos o aumento de vítimas de bala perdida por parte de policiais e por autoria desconhecida", avalia.
Questionada, a Polícia Militar informou, em nota, que "não se posiciona por dados veiculados oriundos de órgãos não oficiais".