Rio, 05/03/2020  - Entrvista com a secretaria de saude do Municipio. Batriz Busche.Cidade Nova, centro do Rio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O Dia - Ricardo Cassiano
Rio, 05/03/2020 - Entrvista com a secretaria de saude do Municipio. Batriz Busche.Cidade Nova, centro do Rio. Foto: Ricardo Cassiano/Agencia O DiaRicardo Cassiano
Por Luana Dandara

Desde o fim do ano, a Prefeitura do Rio optou por romper contratos com duas Organizações Sociais de Saúde, a IPCEP e Viva Rio, que administravam 130 unidades da Atenção Básica do município, como Clínicas da Família, postos de saúde e Centros de Atenção Psicossocial (CAPs). De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), a mudança não só vai promover a economia de R$ 200 milhões, como também melhorar o atendimento para os pacientes. Até agora, a RioSaúde já conseguiu contratar mais de 75,5% do número total de profissionais de saúde necessários: 4.096 contratados de 6.494 vagas. A previsão é que a implementação da RioSaúde nas 130 unidades seja concluída até o fim de abril.

O DIA: Por que a Secretaria de Saúde decidiu por essa substituição de administração em 130 unidades de Atenção Básica?

Ana Beatriz: Nos chamou atenção a excelência de resultado que a empresa pública de saúde teve ao substituir uma OS que administrava o Hospital Rocha Faria. O atendimento na Atenção Básica estava ruim, a população reclamando. Essa implementação vai, sem dúvidas, trazer vantagens, como economia aos cofres municipais, mas principalmente a qualificação do atendimento e do processo de trabalho nessas unidades. A RioSaúde, desde sua criação, sempre se preocupou em constituir um núcleo forte de qualidade e aferir a satisfação dos pacientes.

De que forma está sendo feita essa transferência da administração?

O que estamos vivendo neste momento é a substituição de profissionais. O ideal é que a maioria dessas pessoas pudesse continuar nos postos de trabalho, porque conhecem a população. Mas temos que obedecer exigências legais. Por lei, a RioSaúde contrata por concurso público, prioriza as pessoas aprovadas no banco de concursados. A opção posterior é contratar de forma direta, por tempo determinado, os profissionais que já estavam naquela OS. Passadas essas fases, há processo seletivo aberto. O quadro de profissionais ainda não está completo, mas vai ficar.

Essa transferência impacta, de alguma forma, o atendimento no município?

Há problemas pontuais que estão sendo resolvidos. Mas quero deixar claro que as os hospitais, as UPAs e os Centros de Emergência Regional estão funcionando normalmente, em total capacidade. A rede hospitalar de urgência e emergência funciona de forma plena. A RioSaúde entra para que se estabeleça um padrão de atendimento na Atenção Primária. Essa resolução exige um período de transição.

Quantos profissionais de saúde já foram contratados e quantos ainda faltam serem contratados para o atendimento nas 130 unidades da Atenção Básica?

A RioSaúde já contratou mais de 75,5% do número total de profissionais necessários. Estão admitidas 4.096 pessoas da área da saúde, de um total de 6.494 necessários para as 130 unidades. Diariamente, a empresa pública está recebendo 600 pessoas no local da contratação, há essa prioridade e rapidez no chamamento de profissionais.

Quais são os principais déficits de profissionais e em quais locais da cidade?

A maior parte desse déficit é nas categorias administrativa e de técnicos de enfermagem, faz parte do cronograma de contratação. As unidades de Atenção Básica com maiores déficits de profissionais estão localizadas nos bairros da Ilha do Governador, Complexo do Alemão, Penha, Madureira, Oswaldo Cruz e Olaria.

Qual o prazo para que todos os profissionais sejam contratados para as 130 unidades?

A minha primeira expectativa era que isso se resolvesse até o fim de abril, mas acompanhando as contratações já estou otimista que isso seja resolvido antes. Na sexta-feira, houve a contratação dos médicos da Rocinha, aquelas clínicas já têm médicos contratados que vão retomar seus postos a partir dessa próxima semana. Também havia uma situação de falta de farmacêuticos na região da Zona Sul, que foi absolutamente resolvida. Todos os farmacêuticos foram admitidos e estão no fim do processo para assumirem os postos. Nesse período, as pessoas podem retirar suas medicações de uso contínuo em qualquer farmácia da nossa rede, desde que tenham a prescrição médica.

Há previsão de que a RioSaúde assuma outras unidades da Atenção Básica administradas por Organizações Sociais?

Sim, essas substituições são programadas de acordo com a capacidade da RioSaúde e os recursos orçamentários, levando em conta datas de rescisão e prazos de contratos vigentes. A próxima unidade que a RioSaúde vai assumir é o Centro de Emergência Regional do Leblon, administrada pela SPDM. O aviso prévio já começou e assumimos em 1º de março. Como a equipe de lá está praticamente completa, vamos propor que os médicos continuem em seus postos. A tendência é não ter dificuldade de escala, o intuito é absorver esses profissionais em contratação direta.

No início da semana, foi anunciada a contratação de 301 novos médicos. Quando eles assumem e para quais unidades eles serão distribuídos?

Eles têm até 2 de abril para assumirem. São especialistas, muitos deles cirurgiões, e estão distribuídos em hospitais de emergência e pediátricos, de 31 diferentes unidades.

Em relação à dengue e ao sarampo, o que está sendo feito para o combate dessas doenças?

Passada essa chuva, é esperada a eclosão dos ovos de mosquito. A gente sabe que 80% desses mosquitos e larvas ficam no interior das residências, então estamos reforçando as campanhas para a população. Em relação ao sarampo, essa é a maior preocupação da SMS neste momento. Em 2020, foram 100 casos no município e 572 estão em investigação. Desde o início do ano intensificamos a vacinação e já foram 516 mil doses aplicadas, um resultado muito positivo. Antes do Carnaval, fizemos uma vacinação direcionada à rede hoteleira, aos motoristas de veículos que transportam passageiros e vacinamos a rede escolar. A meta é alcançar 2 milhões de doses no ano.

Diante da confirmação do primeiro caso de coronavírus no estado, qual a expectativa da SMS para a chegada do primeiro caso no município?

Não vamos conseguir evitar que aconteça o primeiro caso, é uma doença que se espalhou no mundo. Não temos expectativa de impedir que esse vírus circule. A nossa expectativa atual é reforçar, junto à população, que se trata de um vírus que não traz consequências graves para 85% das pessoas a que ele acomete. Tivemos vírus muito mais severos, como o H1N1. É o momento de manter a calma, combater as fake news, porque tanto no caso da vacina como do coronavírus, atrapalha o atendimento. E precisamos lembrar um cuidado que devemos ter sempre, que é a lavagem das mãos. Há uma crença de que esse vírus não fará no Rio de Janeiro o estrago que fez em locais de temperatura mais baixa e de alto índice populacional.

O município está preparado para uma possível epidemia do coronavírus?

Sim, temos desde o início um plano de contingência, orientado pelo Ministério da Saúde. Temos 120 leitos que podem ser abertos para internações. Os profissionais estão treinados, há equipamentos, insumos em vários hospitais que podem ser acionados, mas não acreditamos que será necessário.

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