Raphael, personal trainer, conseguiu aumentar sua renda durante o isolamento - fotos Divulgação
Raphael, personal trainer, conseguiu aumentar sua renda durante o isolamentofotos Divulgação
Por Danillo Pedrosa
Com as academias fechadas por causa da pandemia, profissionais de educação físicas precisaram se reinventar para manter os clientes em forma. As aulas online passaram a fazer sucesso, e é por meio das lives que o professor Diego Viterbo, de Campo Grande, tem conseguido uma renda extra enquanto a rotina não volta ao normal.
Na falta dos modernos equipamentos, garrafas pet tornam-se pesos, vassouras e cadeiras servem de apoio para exercícios, tudo para manter a boa forma longe das praças e academias.
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"A gente se reinventoutrabalhando com exercício funcional. Comecei a montar vídeos dentro de casa, instruindo os alunos, até para não ficar no sedentarismo. Mas como? Com garrafa pet, vassoura, cadeira...", explica Diego, que divulga seu trabalho no Youtube e no Instagram (contas @diegoviterboecia e @personaldiegoviterbo).
Além das aulas na Academia Marinho e trabalhos como personal, Diego ainda faz apresentações em eventos com as dançarinas Brenda e Fernanda. Mesmo com os trabalhos online, a crise afetou muito a sua renda.
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"Com essa pandemia, todos nós sentimos um pouco. Nosso jeito de ganhar um dinheiro é o nosso bico como personal trainer. Diminuiu para todo mundo, não tem jeito. A primeira coisa que a pessoa tira, quando a situação financeira aperta, é o personal. Perdi quase 70% dos alunos", revela o professor.
Além do trabalho de personal, Diego Viterbo se apresenta com as dançarinas Brenda e Fernanda nas redes sociais - Divulgação
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Já Raphael Charles (Instagram @coach_rapha_charles), que também é profissional de educação física, não tem sentido tanto o impacto financeiro da pandemia. Com toda a proteção necessária, ele visita os clientes em casas ou condomínios de Campo Grande para ajudá-los a manter a forma. Desse jeito, a sua renda até aumentou.
"Estou atendendo alunos dentro de suas casas. Uso álcool em gel para esterilizar os equipamentos antes e depois e mantendo uma distância de cerca de dois metros. Com isso tudo, comecei a levantar um dinheiro maior do que ganhava na academia", conta Raphael, que atende cerca de 20 clientes, todos na Zona Oeste.
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Ele até tentou se adaptar às aulas online, mas a concorrência e eficácia dos exercícios pesaram na decisão. "Uma das opções eram as aulas online, mas já tem muita gente trabalhando com isso e muitos alunos acabam não fazendo os exercícios. Aí decidi trabalhar com as aulas em casa, sempre com toda a proteção", completa o profissional.
Campanhas de doação
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Sem se conformar em manter apenas o próprio sustento, Raphael Charles iniciou também uma campanha de doação de alimentos com amigos e clientes para ajudar famílias que estão passando por dificuldade financeira. Até agora, já foram doadas quase dez cestas básicas.
"Poderia cruzar os meus braços e aproveitar o momento, mas o lado solidário falou um pouco mais alto", disse Raphael.
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Diego Viterbo também fez a sua ação de caridade. Em uma live solidária no Youtube que teve a participação de alguns artistas, como o grupo Molejo, ele conseguiu arrecadar mais de meia tonelada de alimentos para doações.
Saudades da rotina
Maria Helena malhando com Diego Viterbo antes do isolamento
Maria Helena malhando com Diego Viterbo antes do isolamentoDivulgação
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Acostumada com a rotina de exercícios, Maria Helena, de 63 anos, já não vê a hora de voltar a frequentar a academia, onde faz musculação, pilates e dança. Respeitando rigorosamente a quarentena, ela é uma das alunas que mantém a forma em casa.
"Tenho aulas online com o Diego Viterbo às segundas, quartas e sextas. Como é ao vivo, tenho um estímulo", conta Maria Helena.
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Embora seja o suficiente para ela evitar o sedentarismo, está longe de ter o mesmo efeito das idas diárias à academia, que são também uma atividade de lazer.
"Sinto muita falta da academia, tanto da musculação quanto da dança. Ainda faço pilates por necessidade por causa da saúde. A academia me estimula muito, porque tenho amigos lá, e também distrai a mente", explicou.
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Prejuízo e criatividade nas academias
Sem aulas e nem sequer previsão para voltar às atividades, as academias buscam formas de minimizar o prejuízo causado pela pandemia. A Marinho, de Campo Grande, tem investido em planos de aulas online, entretanto eles não são suficientes para derrotar a crise.
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São três planos: um voltado a alunos da hidroginástica, um para fortalecimento muscular e outro para exercícios coletivos, como jump, spinning e zumba.
A maior baixa no período foi entre os alunos que pagam mensalidade. Poucos são os que mantiveram o pagamento com a crise. Para os alunos que assinaram planos de longa duração, a solução foi prorrogá-los pelo mesmo período de inatividade.
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"Posso contar nos dedos os alunos que vieram pagar", disse Daniele, dona da academia.
O drama de muitos profissionais da educação física também é grande. Além da renda, no geral, ter diminuído, eles ainda precisam pagar a anuidade do Cref (Conselho Regional de Educação Física), no valor de R$ 361,90.
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"O Conselho é irredutível. Eles só prorrogaram o prazo até agosto", explica Alexandre Alves, presidente da Associação dos Personal Trainers do Estado do Rio.
Em nota, o Conselho se posicionou: "O CREF1 (RJ e ES) não pode deixar de cobrar a anuidade porque é um tributo previsto nas Leis Federais 12.197 e 12.514 sob pena de ser considerado uma renúncia fiscal, o que podemos fazer, assim como os demais Conselhos, é adiar os pagamentos, o que fizemos desde o início da pandemia, visando auxiliar neste momento de crise pelo qual passamos".