O Ministério Público Estadual (MP-RJ) encaminhou, ontem, ao governo do estado e à Prefeitura do Rio, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que reforça a necessidade de uma medida restritiva mais radical, para frear a expansão de contágio do novo coronavírus. Segundo a Fiocruz, o lockdown (isolamento total), é a solução urgente diante do cenário atual. O governador Wilson Witzel já havia sido alertado pelo conselho de especialistas, que acompanham a atuação do governo do Rio durante a pandemia, para que fossem adotadas medidas mais severas para impedir que as pessoas saiam às ruas. Outros estados, como Maranhão e Pará, já adotam a solução.
Dados do governo do estado mostram que 60% da população permanecem nas ruas, não acatando as ordens de isolamento e distanciamento. Apesar do número preocupante, na última terça-feira Witzel evitou admitir o lockdown, embora tenha confirmado que o governo irá aumentar, de imediato, o rigor na fiscalização e punição a quem estiver descumprindo as medidas de restrição.
Estabelecimentos comerciais que não estão autorizados a funcionar, por não serem considerados serviços essenciais, serão fechados e multados. A nova medida se estenderá também a pessoas que forem flagradas em aglomerações. Quem desrespeitar as ordens será levado para delegacias e autuado pelo crime de desobediência.
Para o biomédico virologista Raphael Rangel, apesar de radical, a medida seria a mais correta a ser adotada no momento. "Estamos falando da medida mais radical que temos para mitigar uma pandemia. Importante destacar que, por mais que do ponto de vista da saúde seja a mais eficiente e necessária no momento, tem um impacto financeiro para o estado. Portanto, precisa ser bem avaliada nesse ponto também. Porém, diante do cenário em que nos encontramos hoje, é a única solução possível".