O senhor Sergio Gomes, de 68 anos, morreu ontem após esperar, desde segunda-feira, na fila por um leito de UTI. Ele estava internado na UPA da Tijuca, na Zona Norte. O analista de seguros e filho de Sergio, Marcos Valim, de 35, conta que o pai deu entrada, na unidade, com muita falta de ar e com 75% de saturação de oxigênio. Segundo Marcos, o pai ficou dois dias sentado em duas poltronas improvisadas até ser colocado, ontem, em uma maca. Ainda conforme o filho, a saturação do idoso oscilava e chegou a 50%, mas mesmo assim não entubaram e nem o transferiram de hospital. "O melhor que está tendo é um cateter nasal de oxigênio", desabafa.
"Eu questionei os enfermeiros sobre a entubação, mas eles falaram que tem fatores para poder entubar. Perguntei também sobre a transferência para um hospital, mas disseram que ele está na fila desde que deu entrada na UPA", explica Marcos.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) informa que "a coordenação da UPA Tijuca lamenta a morte de Sérgio Gomes e solidariza com familiares e amigos. O paciente deu entrada na unidade no último dia 4, sendo prontamente atendido pela equipe médica. Naquele momento, em virtude da crescente demanda provocada pela pandemia da Covid-19, todos os leitos da unidade estavam ocupados. A coordenação da UPA frisa que, enquanto ele esteve na unidade, recebeu todo o suporte necessário de médicos e enfermeiros e foi inscrito na Central Estadual de Regulação, que fez uma busca ativa por vaga de leito de CTI, mas ele não resistiu e foi a óbito".
A SES disse que, ao todo, até ontem, 2.239 pacientes estão internados na rede estadual. No total, em toda a rede pública, 378 suspeitos ou confirmados de coronavírus aguardavam, ontem, transferência para UTIs, que podem ser regulados para as diferentes redes, seja ela municipal, estadual ou federal. A pasta esclareceu que processo de escolha da unidade que o paciente deve ser regulado atende critérios como quadro clínico e oferta de vagas.
*Estagiária sob supervisão de Bete Nogueira