Filas de banco: apesar do medo, clientes não têm escolha
Saque do auxílio emergencial ainda gera aglomerações em agências
FIla da Caixa Econômica na Avenida Cesário de Mello, em Campo GrandeCléber Mendes
Por Danillo Pedrosa
Chegou o início do mês e, na hora de receber o salário ou o auxílio emergencial, fica difícil evitar as longas filas de bancos. Mesmo com o medo de contrair o novo coronavírus, milhares de moradores da Zona Oeste se arriscam em aglomeração nas portas de agências.
No calçadão de Bangu e em Campo Grande, os bancos reúnem centenas de pessoas de todas as idades pela manhã, desde pais com crianças recém-nascidas a idosos, quase sempre a poucos centímetros uns dos outros. Poucas são as agências que usam funcionários para controlar a fila do lado de fora.
Publicidade
Nas paredes de uma agência do Banco do Brasil em Bangu, papéis exibem palavras de protesto: "Banqueiros, respeitem a vida dos bancários e clientes. O coronavírus mata".
A espera pelo atendimento pode durar horas, e o medo de contrair o coronavírus deixa alguns clientes agoniados. Mas não dá para abandonar a fila, afinal, é preciso sacar dinheiro para colocar comida na mesa. "Só saio quando é necessário. Tenho medo, mas o que a gente pode fazer? Se não vier buscar o pagamento, como é que vai ser?", lamenta Flávio Alves, de 62 anos, idade que já o coloca no grupo de risco.
Publicidade
Para ajudar a lidar com a situação, muitos se apegam à religião para aliviar o temor pela doença. É o caso da aposentada Sidnéia Pereira, de 68 anos, que afirma: "A gente tem medo, mas Deus toma conta. Não estou saindo nem para ir ao médico, mas preciso vir ao banco".
Já Rosa, empregada doméstica, não teme ser infectada pela covid-19. Aos 74 anos, ela não foi liberada pela patroa e segue a sua rotina de trabalho.
Publicidade
"Não tenho medo de nada. Tenho fé em Deus que ele vai proteger a minha família", revelou Rosa.