Por Yuri Eiras
Rio - O governador do Rio, Wilson Witzel, enviou ao Ministério Público do Estado (MPRJ) um estudo sobre a adoção do isolamento total, o chamado lockdown, no estado. O plano é coordenado pelo Gabinete de Acompanhamento do Combate à Covid-19 e reúne outros órgãos, como Secretaria de Transportes, Saúde, polícias Militar e Civil e Corpo de Bombeiros. Entre as medidas estão o bloqueio das entradas do estado e a proibição da circulação de pessoas nas ruas, com exceção de quem trabalha em serviços essenciais ou de quem for fazer compras em supermercados e farmácias. A proposta enviada ao MPRJ ainda não tem data para ser implementada.
O documento aponta que, com o aumento dos casos graves, o estado está "caminhando para o consequente colapso do sistema de saúde", e que "este aumento ainda não atingiu seu auge". O possível confinamento forçado proibirá a circulação e permanência das pessoas nas ruas, como a prefeitura da capital já adotou, pontualmente, nos calçadões de Campo Grande e Bangu nos últimos dias.
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As exceções seriam os profissionais de saúde, segurança, do gênero alimentício e dos serviços de entrega. Para eles, seria criado "um documento de autodeclaração para ser preenchido por toda pessoa que necessite circular". O uso de máscaras será obrigatório nesse caso. O plano também prevê a posterior saída do isolamento, com "ações voltadas para a saúde da população", como a testagem em massa, e planos para a retomada da economia, "com abertura lenta e gradual" do comércio.
O documento, assinado por Witzel, foi uma resposta ao ofício do Ministério Público enviado na quarta-feira. Na ocasião, foi encaminhado ao governo um estudo da Fiocruz sobre a necessidade do lockdown.
Em nota, a Fiocruz afirmou que "considera urgente a adoção de medidas rígidas de distanciamento social e de ações de lockdown no Estado do Rio de Janeiro, em particular na região metropolitana, visando à redução do ritmo de crescimento de casos e a preparação do sistema de saúde para o atendimento adequado".
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Chrystina Barros, especialista em saúde, avalia o lockdown como a melhor opção para amenizar a crise da pandemia. "Não estamos conseguindo dar conta, faltam leitos, materiais e profissionais. Do ponto de vista da saúde, sabemos que precisa ser feito".
UFRJ a favor do lockdown
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A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) enviou ontem ao Ministério Público do Rio um ofício recomendando o lockdown no estado.A universidade sugeriu 11 ações para que o isolamento dê certo. Entre elas, estão a "colaboração mútua entre lideranças comunitárias e serviços públicos" na distribuição de produtos e higiene; "condições básicas de sobrevivência dos cidadãos, com medidas de transferência de renda para a população"; e a garantia do auxílio a empresas "na forma de crédito para capital de giro a baixo custo".
Uma projeção alarmante
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Um estudo da Atlas Intelligence, feito pelos pesquisadores Andrei Roman e Thiago Costa, PhDs pela Universidade de Harvard, aponta que o Estado do Rio poderá ter 11.241 mortos por covid-19 até 15 de junho, quando também é projetado um total de 122.038 pessoas contaminadas pelo novo coronavírus. Em relação aos dados de hoje, trata-se de um enorme aumento: de 775% no número de contaminados e de 747% no de vítimas fatais.
Hoje, o Rio registra 15.741 contaminados e 1.503 vítimas fatais por covid-19. A equipe da Atlas Intelligence também projetou o tamanho do colapso da rede de saúde no estado. Se hoje a demanda é por 90% dos leitos. No dia 15 de junho, será de 738%. Ou seja: para atender a todos, a rede de saúde teria que ser sete vezes maior.
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O estudo foi anexado ao projeto de lei do deputado Renan Ferreirinha (PSB), na Alerj, que propõe o lockdown no estado.