Iniciativas na Zona Oeste recriam cinemas para se
assistir dentro do carro: tudo com máxima proteção para garantir um pouco de alento em tempo de pandemia
Por Gabriel Sobreira
A era dos cinemas drive-ins está de volta. O Rio, que já teve o Cine Lagoa Drive-In (1966-1993), o Jacarepaguá Auto Cine (1979-1984) e o Ilha Auto Cine (1975-2007) se prepara para novas iniciativas, sendo três na Zona Oeste, que prometem um alento aos cariocas em tempo de pandemia, quarentena, lives e streaming. Estão prestes a entrar em cartaz o LoveCine Drive-In (estacionamento Jeunesse Arena, a partir de 28 de maio); o Dream Park (em julho, sem endereço definido); e, no fim do mês, a telona da Cidade das Artes.
Com capacidade para 150 automóveis, o drive-in da Cidade das Artes chega com a proposta de trazer, em sua maioria, longas cômicos. A estreia deve ficar por conta de 'Deus é brasileiro', de Cacá Diegues. Para garantir todas as regras de isolamento, as compras de comidas e bebidas serão online.
O LoveCine Drive-In começa a montar as estruturas a partir de segunda-feira, dia 25, na Barra da Tijuca. No momento, segue fechando a programação, cuja estreia coincide com a previsão de pico da pandemia. "Não fico preocupado porque estamos sendo muito rigorosos em relação a todas as medidas para não ter contágio", atesta André Barros, sócio-fundador da Party Industry, que organiza o cinema.
Barros explica que serão 20 dias de programação. A tela será de 14 metros de comprimento por 7 de altura. Os dias serão temáticos, com opções como 'Sextas Românticas', 'Sábados de Suspenses' e 'Domingos de Glória'. Três sessões sextas e sábados e duas nas quintas e domingos, cada uma com quatro horas de duração. A capacidade é de aproximadamente 180 carros por sessão e o ingresso custará R$ 100 por veículo. Entre os filmes, pocket shows e DJs. "Será uma verdadeira farra no carro", diverte-se o empreendedor.
No LoveCine, alimentos e bebidas serão entregues por meio de aplicativo. Sem risco de filas. Basta informar a vaga em que o carro está estacionado e receber o seu pedido com sachê de álcool gel para higienização.
"O único momento em que que a pessoa sai é para ir ao banheiro, que será em um contêiner com qualidade e higienizado frequentemente", garante André.
Dream Park aguarda o melhor momento para instalar a telona
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Para Cláudio Romano, CEO da Dream Factory, responsável pelo Dream Park, não faz sentido fazer drive-in agora.
"O plano é fazer o evento 45 dias depois do pico da cidade, se de fato acontecer como previsto: no dia 20 de maio. Qualquer coisa antes disso, achamos que é um movimento que não está colaborando com o isolamento", afirma ele.
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A equipe do Dream Park ainda não fechou o local exato do evento, só está definido que será na Zona Oeste, com capacidade para cerca de 150 carros. A ideia é fazer o distanciamento entre os carros, com um espaço de 1,5 metro entre os veículos.
Além dos filmes, o público poderá assistir shows, DJs e até palestras. A tela terá 15m de comprimento por 7m de altura, e foi projetada para que todos os carros tenham uma agradável experiência. A Dream está em conversa com a classe de pipoqueiros autônomos para que eles trabalhem durante as sessões de forma segura, sem colocar em risco a própria saúde.
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Aos 46 anos, Romano chegou a frequentar o Cine Lagoa Drive-In. "Deveria ter uns seis anos. Lembro-me de ver 'Caçadores da Arca Pedida'. Acho que esse movimento de drive-in pode ter um resgate de pessoas que já foram e também trazer quem nunca teve a chance de ir. Tem chance de virar algo recorrente", aposta.
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Lembrado com carinho, o Ilha Auto Cine foi o último a apagar as luzes
"O saudoso Mauro Silveira tinha a concessão da Aeronáutica e manteve o Ilha Auto Cine funcionando por muitos anos, sempre com bons filmes e segurança. Quando fechou, deixou um vazio que os insulanos sentem até hoje.
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"Durante os dias de semana, exibia filmes em duas sessões à noite. O público principal nesses dias era de casais. Nos sábados e domingos, as sessões começavam mais cedo e tinham filmes para crianças e comédias. Eram frequentadas por famílias e muitas traziam cadeiras de praia e as pessoas ficavam fora dos veículos, assistindo a programação.
"A lanchonete do local servia excelentes sanduíches. O público podia ir direto pedir o lanche ou era atendido pelo garçom, sempre gentil, que se tornava amigo dos frequentadores. Lembro de sempre pedir um beirute recheado de queijo, maionese, pimenta e tomate, que era um show.
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"O Ilha Auto Cine deixou muitas saudades. O dono, Mauro Silveira, que era militar da reserva, era um insulano 'baita papo' e conversava com os frequentadores no intervalo das sessões. Era um programa muito bom assistir os filmes. A imagem era boa e o som vinha dos alto-falantes que eram colocados dentro dos carros.