Bianca Regina recebeu alta na madrugada de ontem após passar por cirurgia para retirada da bala  
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Bianca Regina recebeu alta na madrugada de ontem após passar por cirurgia para retirada da bala Reprodução/Internet
Por O Dia
Rio - Mesmo diante da pandemia do novo coronavírus, a insegurança e violência em favelas do Rio parecem não ter fim. Na manhã desta segunda-feira, Bianca Regina de Oliveira, de 22 anos, foi baleada na cabeça, na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. Segundo Camila Rangel, prima da jovem, a rotina de medo é natural entre os moradores: "Não é a primeira vez que isso acontece na comunidade e a gente fica à mercê disso. A gente não pode deixar as crianças brincando na rua. Eu tenho um filho de 14 anos e tenho que ficar alerta, a gente não pode deixar a criança na rua se não eles acham que é bandido e atiram. Se o coronavírus não mata a gente, a polícia mata".

De acordo com Carla Regina, sogra da vítima, Bianca acordou com os disparos e foi atingida no momento em que buscava o celular na sala. Como a casa fica na região do Brejo, localidade mais pobre da comunidade, a casa é feita de madeira e mais fácil de ser atingida por disparos. "Estava tudo em paz e os policiais vieram do nada atirando, não estava tendo nada, não tinha ninguém na rua. Minha nora foi baleada dentro de casa, na reta de onde os policiais estavam, na reta do vasco. Ela estava dentro de casa, não tinha confronto de nada. Não é a primeira vez que isso acontece, teve uma doação de cesta básica e foi um menino baleado assim mesmo. Hoje foi minha nora. Ela estava em casa, ela estava deitada, escutou os primeiros tiros, foi pegar o telefone dela na sala. Como a gente mora em madeira, na comunidade pobre que tem na Cidade de Deus, e ela levantou pra poder pegar o telefone dela. Ele gritou, meu filho foi ver e ela estava com o tiro alojado na cabeça", contou. Confira!
"A polícia entrou atirando como sempre acontece. Minha prima estava dentro de casa e acabou sendo alvejada na cabeça. Bianca é calma, quieta, caseira. Ela não tem passagem pela polícia, ela não faz mal para ninguém", completou a prima da jovem. Questionada sobre o estado de saúde da vítima, ela disse que não tem informações. "Nós não sabemos, o policial da Sevit me ligou, mas ninguém me falou nada. A gente não sabe, a gente não pode ver, não tem informações corretas".
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Agatha Cristina, amiga e vizinha, falou sobre o desespero para socorrer a jovem. "Na hora do acontecimento, a gente estava dentro da minha casa, eu estava com os meus irmãos. Eu ouvi os tiros, tirei eles da cama e coloquei no chão. Dentro do quarto, eu ouvi os gritos da minha vizinha de socorro. Aí eu saí e vi que ela estava com as mãos no ouvido e sangrando muito. Eu fiquei desesperada, chamei o esposo dela e outros moradores. Eles colocaram ela na moto e socorreram".
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Quanto a atuação dos policiais e de onde poderia ter partido o tiro, Agatha contou que situações como essa sempre ficam impunes. "Eu não posso afirmar que foi eles (a polícia) porque eu estava dentro de casa, eu não vi. Mas eles sempre ficam impunes. Ficam sempre nessa de que vai ter investigação e eles nunca dão o resultado da investigação", finalizou. 

Segundo a Polícia Militar, agentes do 18ºBPM (Jacarepaguá) e do Comando de Policiamento Ambiental (CPAm) iriam auxiliar uma ação do Instituto Estadual do Ambiente (INEA) no Centro de Treinamento do Vasco da Gama, localizado próximo à comunidade Cidade de Deus. No entanto, disparos foram ouvidos no interior da comunidade.

De acordo com os militares, as equipes não revidaram e a ação que seria feita foi cancelada. Não houve acionamento da corporação para socorrer possíveis feridos pelos disparos.