Laurinha começou a vender camarão na praia por sugestão de amigos
 - Arquivo Pessoal
Laurinha começou a vender camarão na praia por sugestão de amigos Arquivo Pessoal
Por ANA CARLA GOMES
"Não é picolé, não é pirulito. É o camarão no palito". Basta procurar no Google por Laurinha do Camarão para achar vídeos da vendedora e entender por que Laura Pontes da Silva, de 54 anos, virou figura marcante em 18 anos de trabalho na Praia de Charitas, em Niterói. Com sua voz inconfundível e seu famoso bordão, ela já apareceu em programas comandados por Eliana e Rodrigo Faro. Longe das areias por conta da pandemia do novo coronavírus, tem se mantido com a ajuda de igrejas que doam cestas básicas e só pensa em voltar a chamar bem alto pelos fregueses.
"Não vejo a hora de reabrir e eu poder voltar à praia. Estou orando para esse vírus ir embora. Só sei vender camarão", diz ela.
Publicidade
Laurinha nasceu em São Gonçalo: "No Mutuapira, em casa, no tempo da parteira". Conta que já trabalhou de gari e de acompanhante de idosos. Teve cinco filhos, sendo que dois morreram. "O pai das crianças foi embora", lembra. Seus filhos Marcos, de 27 anos, Pâmela, de 20, e Larissa, de 19, moram com ela, no bairro de Trindade, mais seis dos sete netos.
Laurinha dependia da ajuda da igreja e, ao ouvir a sugestão dos amigos para vender camarão na praia, comprou cinco quilos e foi para Charitas. "Um deles me ensinou a limpar e fritou para mim. No primeiro dia, vendi 70 espetinhos. Pensei: 'Jesus, é aqui que eu vou ficar'". Seus bordões viraram famosos: "Não é picolé, não é pirulito, é o camarão no palito" e "É o camarão da Laurinha, comeu, gamou". "Pego dois ônibus para chegar à praia e fui ensaiando falar isso".
Publicidade
Quando chega à Charitas, ela só quer saber de alegria: "Amo aquela praia. Foi ali que criei meus filhos e netos, que meu deu o pão de cada dia".
Vendedora aposta num futuro melhor
Laurinha do Camarão. Arquivo Pessoal
Laurinha do Camarão. Arquivo PessoalArquivo Pessoal
Publicidade
Nos sonhos de Laurinha do Camarão, está a criação de uma pensão para servir sua comidinha caseira para quando as pernas não aguentarem mais o ritmo forte da praia. Para isso, precisa reformar sua casa em Trindade, em São Gonçalo. Segundo ela, o imóvel sofreu uma infiltração em 2016 e corre risco de desabamento.
"Tenho 54 anos e aguento trabalhar na praia, mas daqui a alguns anos não conseguirei. Tenho o sonho de ter minha pensão. As minhas filhas gostam muito do meu estrogonofe. Faço costela com inhame e o pessoal diz que é muito boa".
Publicidade
Para a ideia sair do papel, ela pede ajuda. "Só tenho o espaço e o sonho", afirma, sendo lembrada de outro ingrediente fundamental: o talento. "Ah, sim, tenho o meu talento. Faço um bolinho de bacalhau maravilhoso". Ela acredita que a solução esteja num programa de tevê: "Vira e mexe escrevo para participar do 'Lar Doce Lar', do Luciano Huck".