PM troca tiros no Complexo do Alemão um dia após STF proibir operações policiais
O confronto foi denunciado por ativistas que faziam reunião para discutir ações sociais no conjunto de favelas
Por O Dia
Rio - PMs da UPP do Complexo do Alemão participaram de uma ação com tiroteio, na noite deste sábado, um dia após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachinproibir operações policiais em favelas do Rio de Janeiro. O confronto foi denunciado por ativistas que faziam reunião para discutir ações sociais no conjunto de favelas. O Governo do Estado do Rio disse neste domingo que cumprirá a decisão do STF, mas disse que ainda não foi notificado.
"Estamos aqui no Complexo do Alemão desde cedo planejando as próximas ações sociais para nossas favelas. Neste momento, estamos presos em meio a uma OPERAÇÃO POLICIAL que se inicia. CUMPRAM A DECISÃO!", escreveu a ativista Buba Aguiar, uma das lideranças do coletivo Fala Akari, da Favela de Acari.
Publicidade
Morador do Alemão, Raul Santiago, integrante do Coletivo Papo Reto e do Gabinete de Crise do Complexo do Alemão, que ajuda famílias vulneráveis durante a pandemia, também denunciou o tiroteio em suas redes sociais.
"TIROS, muitos tiros. A polícia entrou na GROTA, Complexo do Alemão. Isso um dia depois da aprovação da proibição de operações durante a pandemia #coronavírus. Não há respeito algum, por isso nossa luta segue!", disse. A Voz das Comunidades também postou sobre o tiroteio na comunidade.
Publicidade
Tiros neste momento no Complexo do Alemão, na localidade conhecida como ‘Grota’. Segundo informações, policiais realizam uma operação neste momento.
Isso ocorre um dia após o STF suspender operações policiais durante a pandemia da Covid-19 no Rio de Janeiro. pic.twitter.com/zlxdQeyphO
— Voz das Comunidades (@vozdacomunidade) June 6, 2020
A Anistia Internacional retuitou a postagem de Santiago e pediu providências. "Exigimos o cumprimento da liminar que proíbe a realização de operações policiais durante a pandemia e cobraremos das autoridades a especificação do que se chamou de operações absolutamente necessárias. Chega de violações de direitos humanos nas favelas do Rio de Janeiro!".
Publicidade
Exigimos o cumprimento da liminar que proíbe a realização de operações policiais durante a pandemia e cobraremos das autoridades a especificação do que se chamou de operações absolutamente necessárias. Chega de violações de direitos humanos nas favelas do Rio de Janeiro! https://t.co/nUc66zKx0s
— Anistia Internacional Brasil (@anistiabrasil) June 6, 2020
Através do Twitter, a Polícia Militar disse que recebeu denúncias de que uma agência do Banco Santander na Rua Joaquim de Queiroz, no Complexo do Alemão, estava sendo depredada e foram atacados ao chegarem no local. "Policiais da #UPPAlemão foram ao local e acabaram sendo atacados por criminosos fortemente armados, momento em que houve troca de tiros".
Publicidade
"Depois de estabilizarem o terreno, mantendo a ordem pública e preservando as suas vidas e a de outras pessoas que estavam próximas ao local, nossos militares encontraram farta quantidade de drogas. O caso foi encaminhado à 22ª DP", finalizou a postagem. O DIA questionou a Polícia Militar sobre a operação mesmo após a decisão do STF e se a liminar não será cumprida, mas não obteve retorno.
Ao receberem denúncias de que uma agência do Banco Santander localizada na R. Joaquim de Queiroz, no #ComplexoDoAlemão, estava sendo depredada, policiais da #UPPAlemão foram ao local e acabaram sendo atacados por criminosos fortemente armados, momento em que houve troca de tiros. pic.twitter.com/oJLBucxSLx
Na sexta-feira, o ministro Edson Fachin, relator de uma ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) que aponta irregularidades na política de segurança do governo Wilson Witzel, concedeu liminar e suspedeu todas as operações policias em favelas do Rio durante a pandemia.
Publicidade
Na decisão, Fachin determina que não se realizem incursões durante a epidemia, "sob pena de responsabilização civil e criminal", salvo em "hipóteses absolutamente excepcionais". Nesses casos, a operação deve ser justificada por escrito e detalhada imediatamente ao Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ). O objetivo é "não colocar em risco ainda maior a população, a prestação de serviços públicos sanitários e o desempenho de atividades de ajuda humanitária", segundo a nota.