Abordagem foi realizada por volta de 5h50 do dia 7 de junho - Reprodução/Internet
Abordagem foi realizada por volta de 5h50 do dia 7 de junhoReprodução/Internet
Por Jenifer Alves*
Rio - Um advogado criminal entrou com uma ação contra agentes da operação Niterói Presente e uma delegada da 76ª DP (Niterói) após uma abordagem policial realizada no último dia 6 de junho. Segundo Renato Gomes, a ação teve início quando ele desceu do carro para urinar, na Avenida Prefeito Silvio Picanço, em Charitas, Niterói. Ele conta que tem uma condição de incontinência venosa e um agente apareceu e deu início a vários tipos de agressão. 
O profissional, que atua na defesa de PMs há cerca de 11 anos, diz que foi derrubado no chão e teve o tornozelo e os óculos de grau quebrados por um dos policiais.
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"Eu estava passando por Charitas quando vi um carro em alta velocidade logo na minha traseira. Fiquei com receio dele bater em mim e passei para a outra pista, vi que não havia ciclistas e parei na ciclovia. Desembarquei do carro para ver se tinha algum dano, notei que não havia ninguém na rua e decidi urinar. Nesse momento, vi um policial se aproximando com uma arma na mão", conta.
Renato explica que foi agredido com socos e pontapés e arrastado por cerca de 30 metros até o outro lado da pista, com o pé quebrado. A equipe, com oito policiais, segundo ele, começou uma revista no interior seu carro, onde estava a quantia de R$ 200 em espécie, que não foi mais encontrada após o ocorrido. O advogado explica que não pôde se identificar e não foi informado sobre o motivo da prisão.
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"Eu falei que queria me identificar, que trabalhava com militares, e um dos PMs pisou no meu calcanhar rompendo todos os meus ligamentos e provocando três fraturas. Fiquei com medo dele me matar porque ele ainda estava empunhando a arma, e começaram a me arrastar para o outro lado da pista, me senti torturado", disse.
Depois das agressões, Renato foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de Niterói. A unidade não tinha um perito em serviço e, segundo o relato da vítima, não havia um horário para a chegada do profissional. Os agentes afirmavam que ele estava alcoolizado.
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"Eu fui levado a dois hospitais. No Hospital Mario Monteiro, o médico falou que quem mandava fazer exame era ele. Eu disse que precisava de uma cirurgia e se meu tornozelo inchasse mais, poderia causar complicações. Os policiais continuaram falando que eu estava bêbado", conta.
Renato explica ainda que foi levado novamente ao IML e que pediu por um exame de bafômetro e de sangue, mas que o perito pediu para que ele respondesse perguntas matemáticas como divisão e multiplicação para determinar se ele estava ou não alcoolizado.
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A ocorrência do caso foi levada para a 76ª DP (Niterói), onde Renato seria autuado por dirigir embrigado, mas na ocorrência consta que a prisão foi por violência doméstica. O advogado afirma que foi impedido de dar sua versão  integral do acontecimento e que chegou a ouvir a escrivã perguntar ao policial e à delegada se o motivo da prisão seria mesmo embriaguez ao volante. 
"Eu falei que eles nem sabiam porque eles estavam me prendendo. A delegada disse que o perito ligou para a unidade e informou que havia um advogado alterado, mas em nenhum momento fui algemado ou resisti à prisão. Ela levou uma hora para me ouvir e no depoimento ela mudou minhas palavras", disse.
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Após cerca de 12 horas, a delegada fixou uma fiança de R$ 5 mil para que Renato deixasse a delegacia.
"Minha tia idosa me viu no balcão da delegacia, entrou na unidade e implorou para a delegada baixar o valor. Quase se ajoelhou no chão e ela diminuiu a fiança para R$ 2 mil", contou.
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O advogado passou por uma cirurgia e, segundo ele, vai precisar ficar quatro meses de licença médica por causa do ferimento no tornozelo. O caso foi encaminhado para a 1ª Vara Criminal de Niterói como violência doméstica.
Questionada sobre a versão de Renato Gomes, a Polícia Civil disse que na 79ª DP (Jurujuba), unidade que responde pela jurisdição da área em que o caso aconteceu, houve uma prisão por embriaguez ao volante. A corporação não se manifestou sobre a conduta da delegada ou sobre a maneira que a ação foi conduzida. Além disso, disse que o condutor agrediu a delegada e uma equipe inteira de policiais. O advogado nega as acusações.
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A Prefeitura de Niterói informou que é responsável pelo custeio do Programa Niterói Presente e pelo planejamento operacional integrado, mas que a logística em campo é responsabilidade da coordenação do programa junto a Secretaria de Governo do Estado.
"Todos os agentes seguem as regras determinadas pela Polícia Militar e em caso de dúvida com relação a atuação de agentes, cabe a autoridade policial que registrou a ocorrência apurar os fatos ou a própria corregedoria da PM", alegou.
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* Estagiária sob a supervisão de Rai Aquino