Produtividade de trabalhadores não caiu durante home office, aponta pesquisa - Divulgação
Produtividade de trabalhadores não caiu durante home office, aponta pesquisaDivulgação
Por O Dia
Rio - A pandemia do novo coronavírus mudou hábitos, visões, as ruas, os escritórios. Mas para isso tudo mudar, um espaço foi, talvez, o que mais tenha sofrido adaptações em todo o mundo: as residências. No Brasil, em um fim de semana de março, a vida dos trabalhadores teve que ser rapidamente reestruturada. De improviso, muita gente passou a trabalhar em casa. Móveis foram empurrados, decorações de mesa de jantar deram lugar ao laptop e papelada, e ambientes foram alterados para formar um cenário mais adequado às reuniões virtuais. Funcionou. E o que se tem como certeza agora é que as residências ganharam muita importância no mundo dos negócios. O Rio Capital Mundial da Arquitetura ouviu profissionais que analisam e dão dicas para quem aprovou e teve aprovação neste improviso e adotará o home office, que já está consolidado: veio para ficar. Mas sem tirar a característica de lar.

Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que a previsão de migração do trabalho presencial para o home office no Brasil é de 22,7% das ocupações, o que representa mais de 20 milhões de pessoas. A análise por estados brasileiros mostra que o Distrito Federal tem o maior potencial de teletrabalho com 31,6% dos empregos podendo ser executados remotamente, ou seja, em torno de 450 mil pessoas. Em segundo lugar vem o Estado de São Paulo, com 27,7% dos empregos, sendo cerca de 6,1 milhões de pessoas, seguido do Rio de Janeiro: 26,7%, ou pouco mais de 2 milhões. Na comparação internacional entre 86 países, Luxemburgo aparece com a maior proporção de trabalho remoto, seguido de Suíça, Suécia e Reino Unido. O Brasil aparece na 45ª posição mundial e no segundo lugar na América Latina (primeiro é o Chile). A pesquisa indica que um quarto das atividades poderiam ser feitas à distância. Entre as principais, estão os diretores e gerentes, profissionais de ciências e intelectuais e os de nível médio.
Os efeitos já são percebidos. Na empresa em que a arquiteta Daniela Larghi trabalha, a cada 10 solicitações de projetos para residências, atualmente, oito são para criação de espaço funcional. Ela não tem dúvidas de que as empresas vão aderir à nova prática.

"Esta tendência é muito forte. Um cliente desistiu do closet para fazer seu espaço de trabalho no quarto, onde trabalhará três vezes na semana", conta Daniela.
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Há vantagens para o empregado, como menos gastos com vestuário, mais tempo com a família e para se exercitar; e para o empregador que reduzirá gastos com transporte do funcionário, energia elétrica, aluguel de espaço. Mas, para a arquiteta, é fundamental definir um espaço exclusivo para o batente.

"É negativo misturar o trabalho com a família. Tem que ter a área apropriada para cada coisa, estabelecer os horários, que atualmente estão funcionando no improviso de certa forma. Se o funcionário senta na sala para trabalhar, é solicitado pelas familiares. Tem que ter disciplina para separar", diz. 
Já o pesquisador do Centro de Investigação em Arquitetura, Urbanismo e Design da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, Mário Saleiro Filho, prevê que apenas um terço dos funcionários que trabalhavam em escritórios, permanecerão neles. "A pandemia acelerou este processo de trabalho em casa", explica Saleiro.
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Patrícia Vancini trabalha há cinco anos em home office, se reunindo no escritório apenas três vezes por mês e, como colocado por Saleiro, a empresa estuda ampliar esta modalidade no pós-pandemia. Ela vê vantagens e desvantagens na sua forma de trabalho. Entre os pontos positivos está o fato de poder acompanhar mais de perto as atividades dos filhos de 4 e 5 anos. O lado negativo, diz ela, é que o trabalho nunca para.

Atualmente, com novos hábitos de higiene que todos estão tendo que adotar, ele considera importante que o espaço de trabalho seja criado na entrada da residência, para evitar a circulação na casa de clientes ou que o próprio trabalhador saia para comprar um simples material de trabalho e tenha atravessar toda a casa para voltar a trabalhar.

"O ambiente de trabalho deve estar o mais próximo da entrada da residência possível", defende.
Confira dicas para ter um bom trabalho durante o home office:
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ESTRUTURA:
1) Ter um local separado, mesa, cadeira e apontamentos. Água, café, porta fechada.
2) Evite os espaços comuns da casa: sala, quarto de TV, cozinha. A não ser que essa tenha sido uma concessão de toda a família para o evento.
3) Local organizado para o trabalho. Se for seu quarto, cama feita, mesmo se ela não for aparecer.
4) Atenção ao que vai aparecer na tela, para os outros. E, se não for usar imagem( tela) se organizar com tudo o que for precisar a mão, a fim de otimizar o tempo.
5) Encerre o expediente diário, arrumando seu local de trabalho. Agradeça.

METODOLOGIA:
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1) Ter uma rotina pré-estabelecida, com uma agenda anteriormente preenchida( planner).
2) Anote o que fez e o que pretende fazer. Guarde as anotações.
3) Horário de trabalho: manhã, tarde ou noite pré-fixado com paradas para almoço e lanche.
4) Avisar às pessoas de casa sobre seu horário de trabalho e de parada e possíveis mudanças. Utilize o Whatsapp para se comunicar com as pessoas de casa. Isso impede que elas batam na porta e interrompam. Uma folha pode ser colocada na porta para que elas saibam.
5) Tenha respeito e paciência com as crianças que estão no local. Elas não querem atrapalhar, querem ajudar. As ajude a colaborar.
6) Não trabalhe os sete dias da semana. Respeite os feriados.
7) Acorde e se arrume para trabalhar: banho, roupa limpa, barriga cheia.
8) Peça ajuda. As pessoas da sua família não são suas inimigas…estamos num momento novo…somente.