Pacientes de clínicas da família com doenças crônicas relatam falta de remédios controlados
Hipertensos, pacientes com necessidade de controle hormonal e que usam antidepressivos aguardam há cerca de quatro meses por reposição de remédios
Pacientes com doenças crônicas reclamam da falta de medicamentos em farmácias das Clínicas da Família. Em visita feita pela reportagem de O Dia, ontem, em unidades de dois bairros da Zona Norte foi identificada a falta de remédios controlados. Na unidade do Méier, pacientes com hipertensão, grupo de risco da covid-19, não conseguiam retirar os comprimidos necessários para regular a pressão.
"Não é um remédio caro, mas somos aposentados e passamos por dificuldades quase sempre. É tudo contato. Não acho justo ter de tirar do meu bolso algo que deveriam me oferecer aqui gratuitamente", comenta o aposentado, Paulo Gregório, de 66 anos, que precisa tomar o medicamento Losartana.
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Além do comprimido para tratar sua hipertensão, Paulo também foi à clínica da família para buscar o remédio da sua esposa, que sofre de transtorno de ansiedade. Contudo, o antidepressivo Fluoxetina usado pela idosa também estava em falta.
"Esses comprimidos custam pouco mais de R$ 60. Em uma semana a gente até tenta comprar, mas se fizermos isso sempre a conta não fecha", lamentou Paulo.
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Para a autônoma Vânia Silva, 46, o prejuízo é ainda maior. A paciente procurou a clínica do bairro com objetivo de retirar medicamentos para tratar a hipertensão e regulação hormonal. Segundo ela, ambos os tratamentos terão de ser pagos do próprio bolso porque a farmácia alegou a falta de estoque. "Já faz dois meses que não tomo meu remédio e não sei quando vou conseguir", reclama Vânia, que buscava o medicamento Glycine Max.
Além dos pacientes na unidade de saúde municipal do Méier, também foram feitas denúncias de faltas de medicamentos nas unidades Jeremias de Moraes, na Maré, e Sergio Vieira De Mello, no Catumbi. Na unidade da Maré, o problema era ainda pior, já que, segundo denúncia de moradores, a unidade está fechada desde anteontem por falta de combustível para os geradores.
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"Já faz dois anos que essa clínica foi construída pelo prefeito e desde então nada foi feito. Continuamos dependendo de geradores e vira e mexe o combustível acaba. Não tem água encanada, não tem médico não tem nada. É um absurdo", reclamou Andreia Matos, uma das lideranças comunitárias na favela da Nova Holanda.
Procurada sobre a falta de medicamentos, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) informou que os medicamentos buscados pelos pacientes ouvidos pela reportagem serão repostos nas unidades ainda esta semana. Ainda de acordo com a pasta, os profissionais de saúde estão orientados a fornecer medicamentos similares até a regularização do abastecimento.
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Sobre a condição do fornecimento de energia na unidade Jeremias Moraes, a SMS informou que a Organização Social Rio Saúde, que administra a unidade, já solicitou a ligação definitiva da energia com a Light. A OS não respondeu aos questionamentos da reportagem.