Nas mãos do gaúcho Alexandre Fidélis, 43 anos, os malabares acendem a esperança de um futuro melhor. No brilho do olhar do curitibano Fabrício Fagundes, de 47, a força da resistência. Já o sorriso detrás da máscara esconde o paulista Wendell Santos, de 33. Três universos diferentes, que se cruzam com o mesmo objetivo: conseguir emprego e conquistar um lar. Porém, vivem no Sambódromo, num dos abrigos da Prefeitura do Rio para acolher moradores em situação de rua durante a pandemia do coronavírus.
A história do trio se repete como a de muitos brasileiros que saíram de casa para tentar uma vida melhor em outras cidades. Porém, surgiram desafios. Estudo da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SMASDH) mostra que na capital são cerca de 14 mil pessoas nas ruas.
Há 16 anos no Rio, o gaúcho Alexandre Fidélis mostra que o talento nas mãos não se limita aos malabares. "O que sei fazer de melhor é cozinhar. Aprendi dentro de casa. Meus pais iam trabalhar e assumia a responsabilidade de cuidar dos meus irmãos. Fiz curso de gastronomia e meu maior sonho é estar dentro de uma cozinha profissional, revela.
Também cozinheiro, Fabrício Fagundes sonha em assumir a cozinha de um grande restaurante. Enquanto não consegue, luta por um emprego. "O que a gente precisa é só de uma oportunidade. Quem não gostaria de estar em um lugar pra chamar de seu. Poder escolher o que comer, como dormir? Quero um dia passar em frente a um abrigo e entrar para abraçar as pessoas que conheci, não quero parar para pedir um lugar para ficar", frisa.
Do Guarujá, litoral paulista, Wendell Santos viu a vida virar de cabeça para baixo ao sair de casa. O sushiman chegou aqui em 2019, com emprego e tinha casa no Morro da Babilônia, no Leme. Com a pandemia, perdeu emprego e lar. "Já trabalhei em um dos melhores restaurantes de comida japonesa em São Paulo. Tenho certeza que vou conseguir mostrar meu diferencial aqui no Rio", espera.