Classe circense repudia nova nomeação para a ENC
Classe circense repudia nova nomeação para a ENC
Rio - A Escola Nacional de Circo (ENC), localizada no coração da Praça da Bandeira, no Centro do Rio, teve uma guinada inesperada durante a pandemia. No dia 19 de junho, o então diretor da instituição, Carlos Eugênio Vianna, descobriu que havia sido exonerado do cargo em sua leitura rotineira do Diário Oficial da União. Na mesma edição, a produtora cultural Luciana Lago foi anunciada como nova diretora da ENC. A nomeação, entretanto, foi duramente criticada por instituições circenses e pessoas ligadas à escola.
Carlos Eugênio Vianna não esconde sua surpresa com a nomeação da produtora cultural. "Fiz a leitura do Diário Oficial de praxe e vi que meu nome estava na exoneração. Seria pelo menos interessante que eles me avisassem porque eu estava na gestão há 6 anos e para que não desse andamento aos planos que eu tinha para a escola", afirma. Coordenador das atividades da ENC desde o final de 2014, Carlos Eugênio conseguiu formalizar o primeiro Curso Técnico de Artes Circenses do Brasil em 2015, em parceria com o IFRJ e reconhecido pelo Ministério da Educação. Hoje, a escola é referência em formação circense na América Latina e no mundo.
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Em seu perfil no LinkedIn, Luciana Lago não apresenta nenhuma experiência na área circense e pouca atuação no campo artístico. A produtora cultural gerencia o canal Aqui O Povo Fala! no YouTube, no qual defende abertamente posicionamentos do presidente Jair Bolsonaro, além de publicar diversos vídeos em manifestações antidemocráticas e em favor do Aliança Para o Brasil, sigla que Bolsonaro e outros parlamentares bolsonaristas pretendem criar.
Diante da alegada inconsistência na nomeação de Lago para o cargo, diversas instituições circenses pedem que a Fundação Nacional de Artes (Funarte) revogue a nomeação. O Movimento Circo Diverso reforça, em nota de repúdio publicada nas redes sociais no final de junho, que, por seus posicionamentos políticos, Luciana Lago revela "não estar preparada para a condução desta importante instituição", além de apontar que a produtora não mostra ter experiência em instituições de ensino nem com atividades circenses. O Circo Saltimbanco, em nota, lamenta que a ENC seja alvo de "uma escolha política e sem nenhuma experiência ou referência circense".
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Os alunos da ENC também foram pegos de surpresa com a nomeação, mas esperam que "a nova coordenação continue defendendo e lutando pela melhoria e aperfeiçoamento das atividades da escola, da mesma forma como fizeram todos os antigos coordenadores". Logo que houve a nomeação, 325 ex-alunos e pessoas ligadas à escola assinaram uma carta, enviada à Secretaria de Turismo, à Funarte e à Secretaria Especial de Cultura, para questionar a exoneração, mas ainda não tiveram retorno.
Questionada sobre o motivo da nomeação de Luciana Lago e da exoneração surpresa do então diretor, a Funarte não quis se pronunciar.
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A lona da resistência está montada
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A exoneração sem aviso prévio do então diretor da Escola Nacional de Circo movimentou alunos e ex-alunos a construírem um projeto de resistência que transbordasse para as redes sociais, o Amigos da Enclo. Um dos idealizadores do projeto, que preferiu não se identificar, aponta que, após a demissão de Carlos Eugênio, surgiu a necessidade de debater o futuro da escola.
"Após a exoneração em meio à pandemia, começamos a conversar sobre o que isso poderia representar para a instituição. A partir disso, surgiu o Amigos da Enclo, que é a união de diversas pessoas ligadas à ENC, na maioria ex-alunos, que estão se movimentando com a finalidade de fortalecer e defender a escola", explica um dos idealizadores.
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Desde a criação desse espaço de apoiadores da ENC, outros desmembramentos foram surgindo, como o @encviva, conta no Instagram para valorizar a cultura e a história da instituição.
Dentro da plataforma, o Amigos da Enclo reúne relatos de ex-alunos, ex-colaboradores da ENC e profissionais circenses para falar sobre a importância da escola no projeto 'Unidos pelo afeto'. O objetivo da iniciativa é destacar seu papel para o circo em nível nacional e internacional.
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Falta de comunicação com Funarte
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Carlos Eugênio Vianna comenta que a falta de interlocução com a Funarte começou bem antes da exoneração sem aviso prévio.
Desde o começo do ano, Vianna tentava resolver questões burocráticas diretamente com a fundação, mas não tinha nenhum retorno ou abertura de diálogo com o órgão. Assim que soube de sua exoneração, também encaminhou e-mails à Funarte e ao presidente Jair Bolsonaro, mas continuou sem receber nenhum retorno.
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