Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, Zona Oeste do Rio - Ricardo Cassiano/ Agência O Dia
Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, Zona Oeste do RioRicardo Cassiano/ Agência O Dia
Por Beatriz Perez
Rio - A família de um bebê nascido no Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, desconfia de que o pequeno Noah esteja sendo mantido na Unidade de Terapia Intensiva para ocultar um ferimento sofrido atrás da orelha durante a cirurgia cesariana.
"Tão prendendo o menino para dar tempo de cicatrizar o corte e não ter um flagrante. A minha filha tem que subir escada de 3h em 3h para amamentar na UTI e ninguém dá informação correta sobre a situaçãi dele", denuncia o avô da criança, José Aparecido, 59 anos.
Publicidade
A mãe, Isabella Kelly Pereira Aparecido, de 22 anos, também se queixa de informações desencontradas por parte da equipe médica e denuncia que foi alvo de comentários preconceituosos durante a cirurgia.
O parto foi realizado às 23h de seguda-feira. Segundo relato de Isabella, o médico anestesista se queixou de que ele sentia sono naquele horário. Já outra médica, teria dito que a mulher deveria "comer menos hambúrguer".
Publicidade
"Na hora da cirurgia eu ouvi a médica falar: 'na próxima você come menos hambúrguer, fiquei ouvindo risaiada, e eles me constrangendo, na hora da cirurgia. Eu escutei milhares de coisas. Eu só quero tirar meu filho daqui", se emociona Isabella.
"Fizeram um bullying com a menina, a humilharam antes do parto", conta o pai, que registra o caso na 35ªDP (Campo Grande).
Publicidade
Uma enfermeira do hospital identificou o corte na terça-feira de manhã no quarto, foi quando o menino foi levado para a UTI. A mãe foi informada de que a criança estava em bom estado de saúde e que iria para a Unidade de Terapia Intensiva para evitar infecções por conta do corte. Nos dias seguintes, no entanto, as informações começaram a ser contraditórias.
"Foi uma resposta diferente de cada médico. Primeiro um veio me falar que a sutura já havia sido feita. Depois veio outra pessoa falando que não precisava fazer a sutura, que seria apenas um curativo para cicatrizar sozinho. Em seguida, falaram que ele estava com uma infecção urinária. Fui reclamar e a chefe dos médicos falou que ele não estava com infecção nenhuma. Ontem, me foi dito que ele ficaria na UTI por problemas de sucção (na amamentação)", relata Isabela em áudio enviado ao pai.
Publicidade
"O menino não precisava estar na UTI, nasceu muito bem. O que o está mantendo lá é esse corte", rebate o avô da criança.
A Rio Saúde, que administra o Rocha Faria disse, em nota, que nenuma informação está sendo omitida e que o bebê está na UTI por dificuldades para mamar.
Publicidade
Confira nota completa da Rio Saúde:
O bebê da Sra. Isabella Kelly Pereira Aparecida sofreu um corte atrás da orelha no momento do parto, como foi explicado à mãe. O recém-nascido foi avaliado por um cirurgião pediátrico neonatal, que descartou necessidade de sutura. Por ser pequeninho, a melhor forma de se fazer um curativo neste caso é enfaixando a cabecinha.

A internação do menino na UTI neonatal não tem relação ao corte, mas sim a outros quadros apresentados, como dificuldade para mamar, necessitando de soro venoso e alimentação por sonda, e também a refluxo (vômitos), além do fato de a mãe ter apresentado quadro de diabetes desde o início gravidez. Essas condições podem causar riscos para a criança e também ser consequência der algum problema mais sério, que precisa ser devidamente investigado. Somente nesta quinta-feira (03/09), três dias após o nascimento, com acompanhamento do fonoaudiólogo, o bebê conseguiu começar a mamar no seio materno.

A mãe está acolhida pela equipe da maternidade, tem livre acesso ao bebê na UTI neonatal, recebendo todas as informações sobre o quadro. Nada está sendo omitido dela.

Entendemos a ansiedade da família, mas o bebê está internado na UTI neonatal porque é necessário. Ele precisa de cuidados especiais e não pode receber alta enquanto os médicos não tiverem absoluta certeza de que seu quadro clínico seja propício para ir para casa com segurança, e sem o risco de intercorrências em casa.

Sobre o relato da paciente de ter ouvido frases ofensivas de médicos durante a cesariana, a direção da unidade vai apurar com rigor e ouvir a paciente e toda a equipe que participou da cirurgia. A direção da unidade está a disposição da paciente para mais esclarecimentos.