Segundo o sindicato, o Grupo Jal demitiu quase 600 funcionários - Cléber Mendes
Segundo o sindicato, o Grupo Jal demitiu quase 600 funcionáriosCléber Mendes
Por Letícia Moura*

Em meio ao cenário caótico no transporte urbano do estado - intensificado pela pandemia - as demissões em massa assombram funcionários das empresas de ônibus. Entre quarta e quinta-feira, quase 600 trabalhadores foram demitidos do Grupo Jal, que contempla Transportes Flores, Mageli e Planalto, segundo Claudio Monteiro, diretor de Relações Públicas do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Nova Iguaçu. Por sua vez, o Grupo Jal confirmou apenas 300 demissões.

De acordo com o diretor do Sindicato dos Rodoviários do Rio, Antônio Bustamante, as demissões na Viação Jabour devem ultrapassar o número de 300 profissionais, entre motoristas, cobradores, fiscais mecânicos e parte administrativa. Ainda conforme Bustamante, 110 trabalhadores foram desligados da Viação Tijuquinha, no início deste mês.

Há 23 anos atuando na Flores, um cobrador, que preferiu não se identificar, relatou que estava sem trabalhar desde março, por decisão da empresa, e não recebia mais o salário, apenas uma cesta básica. Na carteira de trabalho, segundo o funcionário, a empresa já deu baixa com a data de 29 de novembro.

Ele desabafa: "Esses 23 anos não são brincadeira, eu já passei várias situações com a empresa e do nada eles fazem isso com a gente. Eu achei uma pura covardia", disse, acrescentando que a demissão foi uma surpresa. 

"A empresa falou para os trabalhadores voltarem lá pro dia 30, que talvez vão liberar o Fundo de Garantia, o auxílio desemprego e as verbas rescisórias. Só que palavra o vento leva, não tem nada no papel, é tudo de boca. Então, o sindicato já está entrando com uma ação coletiva no TRT, pedindo os direitos do trabalhador", esclareceu Claudio Monteiro, diretor de Relações Públicas do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Nova Iguaçu.

Viação Jabour

Na Zona Oeste do Rio, os trabalhadores da Viação Jabour também foram pegos de surpresa com a demissão coletiva, de acordo com Bustamante. "Eles estavam trabalhando e de repente descobriram que estavam cumprindo aviso prévio, e alguns nem sabiam direito como seria", disse Bustamante.

"O sindicato entrou como terceiro interessado, a proposta da Jabour era bem absurda. Eles queriam parcelar o salário em até 15 vezes, não queriam pagar a multa dos 40% na integralidade. Além disso, a empresa não apresentou como proposta a indenização de quem foi habilitado na medida provisória 936. Então, convocamos os trabalhadores para uma assembleia que foi feita na empresa, onde mostramos uma contraproposta. Para reduzir o número de parcelas, pedimos que elas não tenham o valor inferior ao salário", pondera Bustamante.

 

O que dizem as empresas
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Em nota, a Transportes Flores informou que "todos os 300 funcionários desligados receberão ticket alimentação até dezembro. O saque do FGTS e o auxílio desemprego também estão garantidos. O pagamento das rescisões será efetuado de forma parcelada em acordos individuais na Justiça".
Ainda em nota, a empresa afirmou que "a medida é necessária para que a empresa possa continuar prestando seus serviços em meio à crise econômica que atinge o setor, agravada pela pandemia".
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Também em nota, os Consórcios Internorte e Transcarioca disseram que "a demissão de rodoviários é uma triste consequência do grave colapso econômico-financeiro enfrentado pelo setor de transporte por ônibus no Município do Rio, como já vem sendo anunciado há mais de um ano junto ao poder concedente e aos veículos de imprensa".
Procuradas pela reportagem, as Viações Jabour e Tijuquinha não responderam até o fechamento desta edição.
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*Estagiária sob supervisão de Gustavo Ribeiro 
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