O motorista caído depois de ser baleado pela policial militar - Reprodução de vídeo
O motorista caído depois de ser baleado pela policial militarReprodução de vídeo
Por Carolina Freitas
Rio - O motorista de van que foi baleado na noite desta terça-feira em Bonsucesso, Zona Norte do Rio, por uma policial militar após uma discussão disse, em entrevista ao DIA, que após o caso, está com medo de sair de casa para trabalhar. "Todo mundo tem meu endereço. Eu não sei o que eu vou fazer agora. Não sei se eu posso processar o Estado. Por enquanto eu vou sair do Rio", afirmou Juadson Luz Almeida. 
A vítima falou ainda que a única coisa que deseja agora, é que as autoridades tirem a arma da mão da PM que fez o disparo contra ele. "Ela não é capacitada para isso, não. Em uma situação que era tão razoável, ela tomou uma atitude dessa, imagina em uma situação bem delicada? Se tirarem a arma da mão dela, eu já vou ficar contente. Um rapaz que trabalha comigo também está com medo, porque ele ficava na minha vá. Tá tudo bem complicado", finalizou. 
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Entenda a história
Uma policial militar, que não teve o nome divulgado, atirou contra o motorista de uma van na noite de terça-feira, em Bonsucesso, Zona Norte do Rio. A militar discutiu com Juadson Luz Almeida, de 32 anos, enquanto seguia para a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), em Bonsucesso, onde assumiria o serviço noturno.
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De acordo com o motorista, a discussão começou quando a policial pediu para que ele parasse em um local de bastante movimento, um pouco a frente de um batalhão da Polícia Militar. Imediatamente, Juadson respondeu que não dava para ela saltar naquele lugar, porque tinha carro passando. "Eu não posso parar em qualquer lugar. Acho que ela pediu para eu parar um pouco mais na frente, para ninguém perceber que ela era policial", disse a vítima. 
"Ela começou a se alterar falando para eu então deixar ela em qualquer lugar, porque eu não tinha nada a ver com os problemas dela. Eu disse que ela não precisava descontar o estresse dela em ninguém e ela começou a me xingar. Eu parei no ponto, ela desceu e eu falei que ela não precisava ter me tratado daquela forma porque é falta de respeito. Ela desceu, parou na frente da van e me chamou para descer também e já puxou a arma", continua Judason.
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O motorista disse ainda que assim que a PM sacou uma pistola, ele disse para ela atirar, achando que a mesma não faria isso, já que eles estavam do lado de um batalhão e que em nenhum momento ele reagiu. 
"Ela efetuou o disparo e eu fui andando para trás da van e perguntei porque ela tava fazendo aquilo, que eu era pai de família e que acordava todo dia às 4h para trabalhar. A única coisa que ela pediu foi para que eu levantasse minha blusa. Ela achou que eu também pudesse estar armado. Eu não sou bandido, eu moro em comunidade, mas eu trabalho", conta Juadson.
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Ele diz ainda que depois que foi atingido, não conseguiu mais andar e que policiais do batalhão ao lado foram até ele para tentar acalmá-lo e depois foi socorrido pelo Corpo de Bombeiros ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha. "Os médicos disseram que se não fosse o botão da minha bermuda, o tiro poderia ter pegado na minha veia femoral e eu poderia ter morrido."
A vítima finaliza dizendo que em nenhum momento tentou pegar a arma da policial. "Ela diz que eu meti a mão na arma dela, mas isso não aconteceu. A polícia vai ver câmeras perto do local e vai saber disso, eu não tentei pegar a arma. Os meus passageiros também podem confirmar isso."
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A ocorrência foi registrada na 44ª DP e, em paralelo, a CPP ouviu a policial e instaurou um procedimento interno para averiguar o fato. A militar é lotada na UPP Fazendinha, no Complexo do Alemão.
Em um vídeo é possível ver Judason no chão, enquanto a policial segura a arma.