Elias Pereira da Silva, conhecido como Elias Maluco - Reprodução/ Record TV
Elias Pereira da Silva, conhecido como Elias MalucoReprodução/ Record TV
Por O Dia
Rio - A defesa de Elias Pereira da Silva, conhecido como Elias Maluco, já admite que o homem condenado pela morte do jornalista Tim Lopes tenha cometido suicídio. Até o resultado do atestado de óbito, os familares estavam com resistência à possibilidade, já que, segundo eles, Elias, 54 anos, não apresentava sinais de depressão.

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Elias Pereira da Silva, conhecido como Elias Maluco Reprodução/ Record TV
Elias Pereira da Silva, conhecido como Elias Maluco, foi encontrado morto em sua cela na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná Reprodução/ TV Globo
Julia Fernandes publica carta encaminhada pelo pai, Elias Maluco, à sua mãe em 19 de agosto Reprodução
Julia Fernandes diz que não acredita que pai tenha cometido suicídio Reprodução
Julia Fernandes publica carta encaminhada pelo pai, Elias Maluco Reprodução
Elias Maluco foi condenado pelo assassinato do jornalista Tim Lopes Paulo Alvadia / Agência O Dia
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A advogada Luceia Macedo disse que o atestado de asfixia mecânica no atestado de óbito, além das marcas e do lençol encontrados em seu pescoço fizeram a família acreditar nesta hipótese. A defesa ainda não teve acesso às cartas recolhidas pela Polícia Federal na cela, na qual Elias pedia perdão à família e demonstrava falta de vontade de viver. 
filha de Elias Maluco, Julia Fernandes, havia divulgado, na terça-feira, cartas enviadas pelo pai e disse que não acreditava que seu pai havia cometido suicídio. "Mataram meu pai. Ele não se suicidou. Tenho certeza", chegou a escrever.
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O corpo de Elias está previsto para chegar ao Rio de Janeiro no fim da tarde desta quinta-feira. O enterro será na sexta-feira. Elias Pereira da Silva estava detido desde 2002 e foi encontrado morto com sinais de enforcamento na terça-feira (22) na Penitenciária Federal de Catanduvas, no Paraná.
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"No local, apreendemos algumas cartas que se encontravam na cela do preso. Também fizemos oitivas com os agentes que o encontraram e obtivemos imagens das câmeras de segurança. Nas cartas, ele não relatou o motivo do ato, mas diz, basicamente, que não tinha mais vontade de viver e pediu perdão à família, dizendo que não era um ato de covardia, mas, sim, de coragem, que ele se sentia pronto para aquilo. Ele não relatou nada sobre ameaça ou motivação. Eu não posso afirmar, obviamente vai ter um laudo pericial para isso, mas pelos indícios, tudo indica para um suicídio clássico", disse o delegado, que periciará todo o material encontrado na cela.
A PF monitora a repercussão da morte nos outros presídios do país e também fora deles, até a conclusão final do caso. O laudo pericial, feito por agentes da Polícia Federal de Foz do Iguaçu (PR), tem 30 dias para ficar pronto. O laudo preliminar aponta o enforcamento como a causa da morte.

Na Penitenciária Federal de Catanduvas, as celas são individuais e, segundo o delegado Martarelli, outros presos não tinham acesso à cela de Elias, que no dia anterior ao da morte havia saído para o banho de sol normalmente. Quanto às câmeras de monitoramento, elas não captam imagens do interior das celas e ainda serão periciadas. O corpo de Elias Maluco foi levado a Cascavel, para onde familiares enviarão um representante judicial para fazer a liberação.

Condenado no caso Tim Lopes
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Integrante da facção criminosa Comando Vermelho e considerado líder do tráfico de drogas no Complexo de favelas do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio, Elias estava preso desde setembro de 2002. Em 2005, ele foi condenado a 28 anos e seis meses de prisão pela morte do jornalista Tim Lopes.
Além de ser acusado pela morte de dezenas de pessoas, o traficante também tinha uma condenação, em 2013, de 10 anos, sete meses e 15 dias de reclusão por lavagem de dinheiro, segundo o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.
Em junho de 2002, a quadrilha liderada por Elias Maluco rendeu e matou Tim Lopes, que fazia uma reportagem sobre abuso de menores em um baile funk na Vila Cruzeiro, favela da zona norte do Rio. O corpo do jornalista foi queimado numa fogueira de pneus. Além de Elias, outras seis pessoas foram condenadas pelo crime.
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De setembro de 2002 a janeiro de 2007, Elias Maluco ficou preso no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu (zona oeste do Rio). Em 4 de janeiro, ele foi transferido para o presídio federal de Catanduvas, junto com 11 outros chefes das facções criminosas Comando Vermelho e Terceiro Comando. O grupo foi acusado de planejar a queima de ônibus e atentados contra delegacias e postos da Polícia Militar realizados no Rio de Janeiro em 28 de dezembro de 2006, quando 19 pessoas morreram.

Em 25 de novembro de 2010, após outra onda de violência no Rio de Janeiro, Elias Maluco e o também traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, acusados de liderar os ataques, foram transferidos para a Penitenciária Federal de Porto Velho. Em 18 de agosto de 2011, Elias Maluco foi novamente transferido, desta vez para o presídio federal de Campo Grande.