ZONA OESTE - PESQUISA UEZO E INTO - fotos Divulgação
ZONA OESTE - PESQUISA UEZO E INTOfotos Divulgação
Por Maria Clara Matturo*

Uma pesquisa realizada por equipes da Fundação Centro Universitário Estadual da Zona Oeste (Uezo) e do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into) está avaliando a relação dos atletas com a contaminação pelo coronavírus. Apesar de o discurso popular vir afirmando que atletas são mais resistentes à infecção, especialistas estão investigando a chance de agravamento da doença para atletas profissionais que treinam intensamente todos os dias. A suposição é de que os treinos de seis a oito horas diárias pode aumentar a ventilação alveolar e diminuir os níveis do anticorpo IgA, tornando o risco de infecção ainda maior.

O levantamento está avaliando cerca de mil atletas de modalidades esportivas distintas, com idade entre 18 e 45 anos. "Estamos trabalhando na identificação de alterações genéticas que levam à predisposição a lesões, buscando identificar um marcador genético que favoreça um diagnóstico precoce. Mas, diante do isolamento social, vimos a necessidade de voltar nossos esforços para as consequências da pandemia na vida dos atletas", explica a coordenadora da pesquisa Jamila Perini. Fatores sociais aos quais os atletas estão suscetíveis, como a crise financeira, também são levados em consideração por ela.

Questionada sobre a motivação para o estudo, Jamila esclarece que a maioria dos atletas atendidos pelo Into passam por dificuldades financeiras e precisam manter outros empregos como fonte de renda: "Não podemos esquecer que apesar da excelência e de também abrigar o Centro de Medicina do Esporte, a maioria dos atletas atendidos no Into não tem plano de saúde. A realidade de grande parte dos jogadores é bastante diferente daqueles que recebem salários exorbitantes, sendo inclusive muito comum atletas jogarem machucados, com dor, para não serem afastados do time".

Para realizar a pesquisa, os atletas vão responder um questionário que abordará questões sociodemográficas, características do treinamento a que estão se submetendo, seus hábitos de vida e saúde, informações sobre a covid-19 e a pandemia, incluindo se o atletas e/ou alguém da sua família foi infectado, e o apoio dado pelo clube. Além disso, os esportistas serão questionados em relação aos aspectos do seu comportamento durante o distanciamento social, e sua escala de resiliência, ou seja, sua capacidade de lidar positivamente com as dificuldades. Como objetivo final, os pesquisadores esperam contribuir com a medicina esportiva no enfrentamento à pandemia.

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