Área interna do Hospital de Campanha de Duque de Caxias, em foto registrada no último dia 8: desativação sem receber um paciente sequer - Foto do leitor
Área interna do Hospital de Campanha de Duque de Caxias, em foto registrada no último dia 8: desativação sem receber um paciente sequerFoto do leitor
Por Bernardo Costa

Profissionais contratados para atuar nos hospitais de campanha do Rio, que sequer chegaram a ser inaugurados, ainda lutam para receber pagamentos atrasados pelos meses de junho, julho e a rescisão de contrato com a Iabas. Segundo o Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Rio (SindEnfRJ), somente na categoria de enfermagem há cerca de 3 mil profissionais sem receber. Parecer da Subsecretaria Jurídica da Secretaria de Estado de Saúde (SES), ao qual O DIA teve acesso, conclui que a responsabilidade pelos pagamentos desses agentes não cabe ao estado, mas sim à OS Iabas.

O parecer da Subsecretaria Jurídica da SES, do último dia 15, afirma que os repasses financeiros à OS Iabas para o pagamento de pessoal estariam condicionados à comprovação dos serviços prestados por esses profissionais a partir do registro de controle de entrada na unidade, por meio de ponto biométrico ou qualquer outro meio equivalente que ateste a presença dos agentes nas unidades. O que, segundo o parecer, não aconteceu.

O documento conclui que "não cabe ao Estado promover o pagamento de serviços que não foram efetivamente prestados à coletividade". E sustenta a afirmação ao explicar que os hospitais não foram entregues à população por falha da Iabas, que não cumpriu o cronograma de instalação das unidades apesar do repasse de R$ 256 milhões da Secretaria de Estado de Saúde. E que, por isso, não foi possível comprovar a atuação dos profissionais contratados para essas unidades que nunca chegaram a receber pacientes: os hospitais de campanha de Duque de Caxias, Nova Iguaçu, Nova Friburgo, Campos dos Goytacazes e Casimiro de Abreu.

O parecer ainda afirma que "o simples fato da apresentação pelo Iabas de folha de pagamento fazendo menção à contratação de profissionais não é suficiente para comprovar a efetiva prestação dos serviços por estes mesmos profissionais".

Procurada, a Secretaria de Estado de Saúde afirmou que a responsabilidade pelos pagamentos aos profissionais é do Iabas, que não comprovou a prestação do serviço. Porém, a SES afirmou que o contrato está judicializado, e ainda não houve decisão referente ao pagamento dos atrasados. Já o Iabas afirma que, após a intervenção da SES no contrato, em 2 de junho, todas as despesas passaram a ser de responsabilidade do estado.

Sindicato pode entrar com ação na Justiça
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Diretora do Sindicato dos Enfermeiros do Estado do Rio (SindEnfRJ), Líbia Bellusci afirma que o órgão tentará, na próxima semana, estabelecer diálogo com o novo secretário estadual de Saúde, Carlos Alberto Chaves, que tomou posse ontem, para tentar viabilizar o pagamento dos profissionais dos hospitais de campanha que não chegaram a funcionar. Se não forem estabelecidas tratativas para a resolução do impasse, ela afirma que o sindicato irá entrar com uma ação na Justiça do Trabalho.
"Esses profissionais tiveram carteira de trabalho assinada e, por isso, perderam o direito ao auxílio emergencial, outros perderam bolsas em universidades devido ao vínculo empregatício, que também os impossibilitou de conseguirem outros empregos. Entendemos que a responsabilidade final é do estado. Se ele contratou uma empresa incapaz de cumprir o serviço, deve arcar com esse erro. Os trabalhadores não podem pagar pela irresponsabilidade do estado", diz Líbia.
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O Iabas disse que "embora a Subsecretaria Jurídica da SES tenha concluído que não cabe ao estado o pagamento, existe entendimento pacificado do Tribunal Superior do Trabalho que prevê responsabilidade subsidiária em relação a todas as verbas".
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