Rio de Janeiro - RJ  - 11/10/2020 - Policia - Sepultamento do adolescente, Leonidas, no cemiterio de Inhauma, zona norte do Rio - na foto, Ancelmo e a mae, Dona Alice -  Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia - Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Rio de Janeiro - RJ - 11/10/2020 - Policia - Sepultamento do adolescente, Leonidas, no cemiterio de Inhauma, zona norte do Rio - na foto, Ancelmo e a mae, Dona Alice - Foto Reginaldo Pimenta / Agencia O DiaReginaldo Pimenta / Agencia O Dia
Por Thuany Dossares
Rio - "Eu só queria perguntar para esse policial por que ele não colocou ele na viatura e levou? Por que esperar 40 minutos? Eu queria saber se fosse os filhos dele, se ele ia fazer a mesma coisa". Esse foi o questionamento de Ancelmo de Oliveira, pai do Leônidas de Oliveira, durante o velório do menino de apenas 12 anos, no início da tarde deste domingo. Ele foi sepultado no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte do Rio. Assista ao vídeo do desabafo de Ancelmo:

Galeria de Fotos

Sepultamento do adolescente Leônidas, no Cemitério de Inhaúma. Na foto, Ancelmo, pai do menino, e o primo Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Sepultamento do adolescente Leônidas, no Cemitério de Inhaúma. Na foto, Ancelmo, pai do menino Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Sepultamento do adolescente LeÎnidas, no Cemitério de Inhaúma. Na foto, Ancelmo, pai do menino, e a avó Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Sepultamento do adolescente Leônidas, no Cemitério de Inhaúma. Na foto, Guilherme, primo do pai, e a avó do menino Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Sepultamento do adolescente Leônidas, no Cemitério de Inhaúma. Na foto, Guilherme, primo do pai, e a avó do menino Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
Sepultamento do adolescente Leônidas, no Cemitério de Inhaúma Reginaldo Pimenta / Agência O DIA
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Leo, como era carinhosamente chamado, foi baleado na cabeça, na tarde de sexta-feira, quando ia com a avó, Alice da Silva, a um mercado às margens da Avenida Brasil, na altura da favela da Nova Holanda. De acordo familiares do menino, os policiais militares demoraram mais de 30 minutos para socorrê-lo, mesmo após os tiros cessarem.
"O tiroteio começou assim que chegamos, falei para a gente correr e logo depois ele já estava com a bala na cabeça. Não sei de onde veio a bala. Eu implorava, pedia pelo amor de Deus para eles levarem o meu menino, ajoelhei para salvar meu neto e eles não levavam. Eu disse que ele não era nenhum brandido, que era uma criança de 12 anos, que só brincava de carrinho, estava com um carrinho no bolso", recordou Alice, muito emocionada.
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Na véspera do dia das crianças, Ancelmo se despediu do filho com a camisa do Naruto, desenho que Léo mais gostava de assistir. "Ele era uma criança calma, uma criança brincalhona. Ele gostava muito de desenho, de Naruto, Cavaleiros do Zodíaco. Um flamenguista fanático. Amanhã é dia das crianças e eu não vou ter o meu filho comigo", desabafou o vigilante.
Primo da vítima, o consultor de negócios Guilherme Lopes, de 31 anos, diz que a família pensa em processar o estado por conta da omissão de socorro.
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"Não estamos aqui para apontar um culpado, para falar quem matou, porque isso não vai trazer o Léo de volta. Se isso tivesse acontecido dentro da comunidade, o Léo teria sido socorrido na mesma hora. Ele estava numa via expressa, fazendo algo comum com a avó, e hoje a avó está ali desamparada achando que matou o neto porque levou ele no mercado. Não houve prestação de socorro, a questão é como ele foi tratado, porque ele ainda estava vivo", contou Guilherme.
Em nota, a Polícia Militar informou que o tiroteio foi provocado por ocupantes de carros que atiraram contra uma viatura que estava baseada na Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso e que os agentes não reagiram ao ataque criminoso, apenas se abrigaram. Ainda segundo a corporação, Leônidas foi socorrido imediatamente após cessados os disparos.
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Confira a nota na íntegra:
"A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar informa que, no início da tarde de sexta-feira (09/10), policiais militares do 22ºBPM (Maré) na Avenida Brasil, altura de Bonsucesso, foram acionados pelo motorista de um carro informando que outros dois carros estavam o perseguindo na pista sentido Zona Oeste.

Neste momento, os carros citados passaram onde a viatura estava parada e seus ocupantes fizeram disparos de arma de fogo. A equipe policial se abrigou e não reagiu ao ataque criminoso.

Após cessarem os tiros, uma criança e uma pessoa adulta estavam feridas no local. As duas vítimas foram socorridas ao Hospital Federal de Bonsucesso. Ocorrência encaminhada para a 21ª DP.

Ressaltamos que a criança foi socorrida imediatamente após cessarem os disparos.

Informamos ainda que no local havia apenas dois policiais, que priorizaram o socorro a vítima mais grave. Os militares acionaram apoio ao local.

Posteriormente, equipes do 22ºBPM (Maré) localizaram um veículo abandonado na Av. Brasil com perfurações provocadas por disparos de arma de fogo. Possivelmente o carro teria participado da ação criminosa".