Amigos e familiares se despedem de Caio Soares - Daniel Castelo Branco / Agência O Dia
Amigos e familiares se despedem de Caio SoaresDaniel Castelo Branco / Agência O Dia
Por Anderson Justino
Rio - O enterro do estudante de Educação Física, Caio Soares, de 23 anos, morto na manhã desta segunda-feira ao ser atingido dentro de casa, no Morro da Coroa, no bairro Catumbi, por uma bala perdida, foi marcado por uma homenagem da banda da faculdade em que estudava, a Uerj, e forte comoção de amigos e familiares. O adeus ao jovem aconteceu por volta das 16h no Cemitério e Crematório São Francisco de Paula, no mesmo bairro da região central. 
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Os estudantes do curso de educação física, no qual Caio estava prestes a se formar, fizeram batuques em instrumentos musicais, enquanto gritavam o nome do jovem e aplaudiam a saída do caixão que estava coberto com uma bandeira do Flamengo, time pelo qual a vítima torcia. 
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A empregada doméstica Maria José, 49 anos, mãe do Caio, ainda estava em estado de choque com a fatalidade. Apesar de abalada, lembrou da alegria do filho e da promessa deixada por ele de comprar uma casa longe da comunidade.
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"Meu filho era muito alegre. Seu sonho era ganhar dinheiro e comprar uma casa pra gente viver. Só que ele não queria que fosse muito longe dali. Se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo que fiz por ele e pela irmã. Infelizmente o Caio foi vítima de uma bala achada", desabafou.
Nas horas vagas, Caio trabalhava de barman. Um colega de profissão falou como era o rapaz no dia a dia.
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"Caio era sempre muito alegre. Não importava a hora, ele estava sempre de bom humor. A gente trabalhava, estava cansado, mas ele sempre mantinha o jeito dele alegre. Era uma pessoa diferente das outras", lembrou o amigo Kleber Gross, de 22 anos.
Para a universitária Raquel Corrêa Máximo, Coordenadora do Centro Acadêmico da Uerj, as lembranças boas não deixarão a memória do Caio de apagar.
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"Ele era muito amigo. Não saía de dentro da faculdade. Vamos lembrar desse jeito descontraído dele. A forma que levava a vida. Era uma pessoa muito alegre, gostava dos amigos".
Um levantamento feito pela plataforma Fogo Cruzado mostrou que o Caio foi a centésima segunda pessoa atingida por uma bala perdida na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 18 delas acabaram mortas.
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Ainda segundo a plataforma, 23 estavam dentro de casa. 13 delas não resistiram e acabaram mortas. O número de pessoas baleadas no Rio, em 2020, é de 1462.
A PM confirmou que havia uma operação na região. Em nota, a corporação disse que agentes do batalhão da região teriam ido apurar uma denúncia de que um policial havia sido levado para dentro da comunidade. Houve o confronto e logo depois os PMs souberam de uma pessoa baleada dentro de casa.
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Mesmo com o isolamento social, por conta da pandemia do novo coronavírus, a Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro disse que a Polícia Militar conseguiu apreender quase cinco mil armas de fogo no estado este ano. por conta da decisão do STF, que restringe as ações nas comunidades do Rio na período de crise sanitária, a corporação afirma que precisou realinhar as estratégias nas operações. Como consequência, houve um maior número de confronto entre criminosos rivais.