Maiara Oliveira foi baleada durante operação da Polícia Civil no Complexo da Maré - Reprodução
Maiara Oliveira foi baleada durante operação da Polícia Civil no Complexo da MaréReprodução
Por O Dia
Rio - A Anistia Internacional Brasil exige investigação sobre o disparo que acertou a moradora Maiara Oliveira Silva, de 20 anos, durante uma operação da Polícia Civil no complexo da Maré. Maiara, grávida de cinco meses, foi atingida por um tiro na barriga durante uma operação realizada nesta terça-feira (27). Maiara segue hospitalizada e seu estado é considerado grave. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde confirmou o falecimento do bebê.

A Anistia Internacional Brasil também cobra providências do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro no sentido de investigar as circunstâncias dessa violação de direitos humanos, como também identificar, processar e responsabilizar os responsáveis pelo disparo que atingiu Maiara. Ela exige do MP RJ explicações sobre a ausência de um promotor plantonista responsável por acompanhar a ação e receber as denúncias de violações de direitos humanos, ocorridas durante a ação policial, conforme determinado pelo STF. Por parte da Polícia Civil, é cobrado uma política de segurança baseada em inteligência, treinamento e investigação para que nenhum direito seja violado no cumprimento de seus deveres.

Junto dos movimentos sociais, organizações de direitos humanos, coletivos e moradores de favelas e periferias a Anistia Internacional expressa novamente um pedido de basta de violência. "É preciso pôr um fim a uma política segurança pública baseada no confronto, que inúmeras e repetidas vezes desrespeita os limites de uso da força pela polícia e consequentemente viola os direitos de moradores de favelas e periferias", diz em nota.

Moradores da Maré relataram diversas violações ocorridas durante a ação da última terça-feira. Eles ainda contaram que tiveram suas casas invadidas por policiais sem mandados judiciais e foram submetidos a abordagens violentas, houve destruição de carros e intensos tiroteios. Além disso, os moradores relataram que as três clínicas da família do Complexo de favelas da Maré ficaram fechadas durante o dia todo.

A Anistia Internacional Brasil ainda reforça que desde o 5 de junho, as operações policiais estão suspensas nas favelas do Rio de Janeiro por determinação dos ministros do Supremo Tribunal Federal. NEsse tempo, os dados comprovaram uma redução em 74% no número mortes pela polícia entre junho e agosto de 2020, em comparação ao mesmo período do ano passado, onde homicídios decorrentes de intervenção policial caíram de 521 vidas perdidas para 134.


Polícia Civil

Procurada pelo jornal O DIA, a assessoria da Polícia Civil emitiu a seguinte nota:
"Policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), ao se retirarem do Complexo da Maré, após a operação Gota D’Água, tiveram uma pane no veículo blindado. Os agentes, últimos a deixar a operação, foram emboscados por traficantes e atacados com rajadas de tiros. Após o final do confronto, próximo aos policiais, havia uma moradora ferida pelos disparos dos criminosos. A mulher foi prontamente socorrida pelos policiais, que fizeram o primeiro atendimento, e foi conduzida para o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador."