A Anistia Internacional Brasil também cobra providências do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro no sentido de investigar as circunstâncias dessa violação de direitos humanos, como também identificar, processar e responsabilizar os responsáveis pelo disparo que atingiu Maiara. Ela exige do MP RJ explicações sobre a ausência de um promotor plantonista responsável por acompanhar a ação e receber as denúncias de violações de direitos humanos, ocorridas durante a ação policial, conforme determinado pelo STF. Por parte da Polícia Civil, é cobrado uma política de segurança baseada em inteligência, treinamento e investigação para que nenhum direito seja violado no cumprimento de seus deveres.
Junto dos movimentos sociais, organizações de direitos humanos, coletivos e moradores de favelas e periferias a Anistia Internacional expressa novamente um pedido de basta de violência. "É preciso pôr um fim a uma política segurança pública baseada no confronto, que inúmeras e repetidas vezes desrespeita os limites de uso da força pela polícia e consequentemente viola os direitos de moradores de favelas e periferias", diz em nota.
Moradores da Maré relataram diversas violações ocorridas durante a ação da última terça-feira. Eles ainda contaram que tiveram suas casas invadidas por policiais sem mandados judiciais e foram submetidos a abordagens violentas, houve destruição de carros e intensos tiroteios. Além disso, os moradores relataram que as três clínicas da família do Complexo de favelas da Maré ficaram fechadas durante o dia todo.
A Anistia Internacional Brasil ainda reforça que desde o 5 de junho, as operações policiais estão suspensas nas favelas do Rio de Janeiro por determinação dos ministros do Supremo Tribunal Federal. NEsse tempo, os dados comprovaram uma redução em 74% no número mortes pela polícia entre junho e agosto de 2020, em comparação ao mesmo período do ano passado, onde homicídios decorrentes de intervenção policial caíram de 521 vidas perdidas para 134.
Polícia Civil
Procurada pelo jornal O DIA, a assessoria da Polícia Civil emitiu a seguinte nota:
"Policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (CORE), ao se retirarem do Complexo da Maré, após a operação Gota D’Água, tiveram uma pane no veículo blindado. Os agentes, últimos a deixar a operação, foram emboscados por traficantes e atacados com rajadas de tiros. Após o final do confronto, próximo aos policiais, havia uma moradora ferida pelos disparos dos criminosos. A mulher foi prontamente socorrida pelos policiais, que fizeram o primeiro atendimento, e foi conduzida para o Hospital Municipal Evandro Freire, na Ilha do Governador."