Morro dos Macacos tem história com a música e a Vila Isabel
Com cerca de 100 anos, comunidade da Zona Norte do Rio foi ocupada por descendentes de escravos e nordestinos
Rio - Com uma ocupação iniciada na década de 1920, o Morro dos Macacos se orgulha da sua ligação com a música, que influenciou de perto a escola de samba Unidos de Vila Isabel. A agremiação, inclusive, hoje tem sua quadra a metros da comunidade da Zona Norte do Rio.
"A comunidade sempre foi a força da escola, com várias alas, dentre elas a de compositores, com sambas sendo feitos aqui, a velha-guarda e até as baianas. Ao longo dos anos, os moradores desceram do morro para alegrar e fazer parte da Vila", conta o ativista social Vitor Bernardo, de 28 anos, um dos fundadores do Coletivo Macacos Vive.
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Formado em Direito, Vitor nasceu e mora no Macacos e acredita que a escola se distanciou da comunidade. Ele lamenta que hoje é difícil ver um projeto de música na região.
"A gente já teve vários projetos, incluindo de bateria, mas hoje não vejo nada, uma aula de percussão, por exemplo", lamenta, dizendo que o rap está ganhando força, em detrimento do samba, entre os moradores.
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DA MADEIRA À ALVENARIA
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O ativista vê no Morro dos Macacos uma comunidade com as mais diferenças origens. Ele destaca que a região é muito influenciada pelos primeiros moradores que começaram a ocupá-la, há cerca de 80 anos.
"Tivemos descendentes de escravos, de nordestinos e muitas famílias de operários que trabalhavam nas indústrias que se instalaram nos bairros próximos, que não tinham condições de morar em outro local", aponta.
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As primeiras casas de madeira deram lugar às construções de alvenaria, com exceções de algumas residências no topo do morro. Mas Vitor não vê a mesma transformação na vida de muitos moradores.
"A gente está perdendo a juventude por falta de investimentos públicos. A chamada guerra às drogas mata crianças que não têm nada ver com a história e enquanto isso seguimos sem esporte, cultura e lazer. A gente está entregando nossa juventude à criminalidade, que bate à porta delas", enfatiza.