Jaime Roberto da Silva Ribeiro - Arquivo Pessoal
Jaime Roberto da Silva RibeiroArquivo Pessoal
Por RAI AQUINO
Rio - O sonho de morar com os três filhos estava prestes a ser realizado para Jaime Roberto da Silva Ribeiro, de 35 anos. O desejo do motorista de aplicativo, no entanto, foi interrompido por um assalto, na madrugada de sábado, quando foi ele morto com um tiro na cabeça. O corpo do morador de Japeri foi encontrado no carro em que dirigia, um Chevrolet Spin prata, na Avenida Marginal, no bairro Jardim Nóia, em São João de Meriti.
"Ele sempre dizia que iria comprar uma casa para morar com os filhos. E há dois meses ele conseguiu uma ao lado da que morava com minha mãe. A casa ficou abandonada por muito tempo e precisava de uma reforma, mexer na fiação, mudar os quartos de lugar", conta o irmão, o farmacêutico José Felipe Ribeiro, 37, que também trabalha como motorista de aplicativo.
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Jaime calculava que as obras iriam acabar até o fim do ano, para começar 2021 morando com os três filhos, uma adolescente de 12 anos, uma menina de sete e um menino de cinco. Ele morava com a mãe e os jovens, juntamente com mais outras seis pessoas em Engenheiro Pedreira.
"Ele estipulava um valor para arrecadar por dia no trabalho para dar um gás na obra. Ele queria morar com os filhos para que eles tivessem um pouco mais de liberdade, já que na casa da minha mãe todos ficavam dentro de um quarto", diz o irmão.
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Após a morte do motorista, os filhos dele vão continuar morando com a avó. A mãe de Jaime, aliás, está inconformada com o que aconteceu.
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"Ela está derrotada, se segura muito porque tem um filho que é especial, que é apegadíssimo com os irmãos", lamenta.
PREOCUPAÇÃO COM A VIOLÊNCIA
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Jaime começou a trabalhar com carro de aplicativo depois que ficou desempregado há quatro anos. Antes, ele trabalhava com fibra ótima. Apesar de ter um veículo próprio, ele rodava com outro alugado, já que a documentação do dele não estava regular.
O morador de Japeri preferia trabalhar de madrugada, apesar da preocupação da família com a violência. Os familiares acreditam que ele já estaria em sua última corrida do dia, quando foi morto, por volta das 4h30 de sábado.
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"A gente sempre alertava para ele não rodar na Baixada, porque, infelizmente, a criminalidade na região ainda é muito alta. Mas ele falava que só estava dando dinheiro na Baixada e que evitava ir para lugares perigosos", relembra José.
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ENTERRO
O corpo de Jaime foi enterrado no fim da tarde deste domingo, no Cemitério de Engenheiro Pedreira. O funeral do motorista reuniu dezenas de amigos e familiares, já que ele era uma pessoa muito querida.
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"Eu já imaginava que a quantidade de pessoas não seria pequena. É como se o Jaime fosse prefeito de uma cidade, então já sabia que o cemitério estaria lotado", afirma o farmacêutico, dizendo que chegou a conversar com a administração do cemitério, dizendo que iria evitar aglomeração por causa da pandemia.
INVESTIGAÇÃO
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A investigação do assassinato do motorista está sendo feita pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHC). A Polícia Civil ainda não deu detalhes do caso.
O irmão conta que o carro de Jaime estava com várias coisas jogadas no chão quando foi encontrado. Os assaltantes levaram a chave do veículo, dinheiro e o celular do motorista. Havia marcas de sangue no teto e no freio de mão.
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"Depois que ele foi assaltado dentro do carro, deram um tiro de dentro para fora. Há a possibilidade de terem sido cracudos que estão fazendo isso na região. Eles assaltam, levam para esse lugar e depois matam as pessoas", diz José.
O irmão espera que os responsáveis pelo crime sejam presos.
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"O cara só saiu de casa para trabalhar e trazer o sustento para casa dele. Infelizmente é mais um pai de família que sai de casa para poder buscar o pão de cada dia e não retorna para os braços do filhos", lamenta.