'Mais um capítulo da violência que o Rio vive há muito tempo', lamenta amigo de Cadu Barcellos
Cineasta foi morto a facadas na madrugada de terça-feira no Centro do Rio
Rio - Familiares e amigos identificaram, na manhã desta quarta-feira, o corpo de Cadu Barcellos no Instituto Médico Legal (IML). No local, o amigo do cineasta, William Oliveira, lamentou a morte e contou que Cadu estava voltando da Pedra do Sal para casa no Tanque, Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, quando foi esfaqueado em um assalto na Avenida Presidente Vargas, no Centro do Rio.
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William relatou que até o momento não há muitas informações sobre o que de fato aconteceu, mas que o cineasta estava retornando da roda de samba, pegou uma carona e ao saltar na Avenida Presidente Vargas foi esfaqueado. "A gente sabe pouca coisa, a gente só tem ideia que foi um assalto. Parece que tentaram assalta-lo, esfaquearam e ele veio a óbito, não foi nem ao hospital", relatou o amigo.
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William lamentou a morte do amigo e contou que ele era uma pessoa incrível e teve sua trajetória mudada pela cultura. "Acho que o Complexo da Maré, o Brasil, o mundo perdem o cara brilhante, criativo demais. A gente ainda acredita que a cultura pode mudar a realidade do jovem de favela, ele foi um dos caras que teve sua história mudada com a cultura. Ele viajou 12 países, disputou o Festival de Cannes com o filme '5 x Favela'. acho que ele é um exemplo para todo jovem de comunidade que quer alcançar seus sonhos, batalhar pela cultura".
"A gente tem medo da violência que assola o Rio de Janeiro, de uma forma geral, e hoje foi só mais um capítulo da violência que o Rio vive há muito tempo. [...] A gente espera é que a segurança seja uma segurança que atinge o Rio inteiro pra gente parar de perder entes queridos, pra que o filho não chore por um pai que perdeu", reforçou.
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"Eu e ele somos crescidos e criados no Complexo da Maré. A gente se mudou e quando a gente se muda a gente acredita que a violência vai nos atingir menos e acaba que um filho do solo da favela foi atingido no asfalto que todo mundo diz que é seguro. Seguro para quem?", questionou William.
Emocionada, a irmã do cineasta, Letícia Barcellos não quis falar com a imprensa.
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A Delegacia de Homicídios da Capital informou que um inquérito foi aberto para apurar as circunstâncias do crime. A perícia esteve no local e "verificou que a vítima apresentava ferimentos provocados por instrumento perfurocortante, sobretudo na região do tórax".