A retirada dos pacientes mobilizou equipes de outros pavimentos do hospital
A retirada dos pacientes mobilizou equipes de outros pavimentos do hospitalReginaldo Pimenta
Por Bernardo Costa
Além dos cinco chefes de setores, um médico e um profissional técnico transferidos do Hospital Federal do Andaraí (HFA), nesta quarta-feira, o presidente do Corpo Clínico do Hospital Federal de Bonsucesso (HFB), o médico Júlio Moreira Noronha, também foi removido da unidade, em que atua há 42 anos, na mesma data, sendo transferido para o Hospital Federal da Lagoa. Todos os profissionais têm mais de 35 anos de atuação nas unidades de onde estão sendo removidos, e acreditam que as transferências sejam uma retaliação aos inúmeros ofícios encaminhados ao Ministério da Saúde, à direção dos hospitais e ao Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj) cobrando melhorias no atendimento à população, com solicitações de envio de profissionais e insumos.  
Segundo o doutor Júlio Moreira Noronha, sua transferência do HFB, onde atua desde 1978, está diretamente ligada às cobranças recentes em prol do esclarecimento das causas do incêndio no hospital, em 27 de outubro, e contra o fechamento da unidade de saúde. A tragédia, que aconteceu no Prédio 1 do hospital, provocou a morte de três pacientes. Outros 15, todos transferidos em estado grave para outras unidades, morreram em dias posteriores. 
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"Eu dei entrevistas à imprensa, contando o que estava acontecendo no hospital, e fiz cobranças, como diretor-médico do Corpo Clínico, cargo para o qual fui eleito pelos profissionais do hospital, no sentido de que as causas do incêndio fossem esclarecidas e de que a unidade não fechasse as portas até passar por reformas, pois os demais hospitais não têm condições de absorver os pacientes do HFB", diz o médico Júlio Moreira Noronha: 
"Esse tipo de atuação é próprio da função para a qual fui eleito no Corpo Clínico, senão sou passível de punição. Um dos pontos que chamei atenção é a denúncia da Defensoria Pública, com base em laudo da Defesa Civil, sobre condições precárias da fiação do prédio, o que poderia causar um incêndio, que de fato aconteceu. Antes do incêndio, eu havia cobrado o repasse de verbas para a reforma, que não foi feita, e deu no que deu".

LISTA DE REMOVIDOS 
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Na mesma data da remoção, os seguintes profissionais foram transferidos do Hospital Federal do Andaraí para outras unidades da rede federal. São eles: 
Roberto Portes – chefe do Serviço de Queimados e presidente do Corpo Clínico do hospital.

Sidney Franklin de Sá – anestesiologista e ex-membro da Diretoria Executiva do Corpo Clínico.

Glória Maria de Oliveira – chefe do Serviço de Clínica Médica.

Giovanni Antonio Marsico – chefe do Serviço de Cirurgia de Tórax.

Silvino Frazão de Matos – chefe do Serviço de Oncologia.

Waldyr Gomes da Costa Neto - médico cirurgião geral e chefe da Emergência.

Rosane de Jesus Barreto de Moura - técnica de laboratório.
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RESPOSTA MINISTÉRIO DA SAÚDE
Procurado, o Ministério da Saúde informou que as remoções estão relacionadas a "um plano de ação para reestruturação e qualificação da assistência da rede federal". Confira a íntegra da nota:
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"O Ministério da Saúde, em conjunto com a Superintendência Estadual do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro (SEMS RJ), vem desenvolvendo um plano de ação para reestruturação e qualificação da assistência da rede federal. O objetivo é otimizar os serviços e promover a melhoria do atendimento.

Como parte desse processo, alguns serviços e funcionários - estatutários, contratados temporários da União e terceirizados - serão deslocados para outras unidades da rede federal para prestar uma melhor assistência à população.

Cabe ressaltar que a pasta realizou um novo concurso para contratação temporária de profissionais de saúde para os Hospitais e Institutos Federais do Rio de Janeiro, realizado com plena transparência e lisura. Além de oxigenar a Rede Federal com mudanças pontuais de recursos humanos, a fim de proporcionar a multiplicação de conhecimentos, particularmente dos profissionais mais experiente. É importante destacar que o atendimento à população não será prejudicado."