Entregadores marcaram paralisação para este sábado - WhatsApp do DIA (98762-8248)
Entregadores marcaram paralisação para este sábadoWhatsApp do DIA (98762-8248)
Por Yuri Eiras
Rio - O entregador Vitor Silva estava no Parque Shopping, em Sulacap, Zona Oeste, quando o aplicativo sugeriu uma entrega na Vila Militar, em Deodoro. Os seis quilômetros percorridos de bicicleta na chuva renderam o valor mínimo de R$ 3,75, que não foi suficiente para completar os R$ 4,05 da passagem de ônibus da volta para casa. Entregadores do Rio reclamam dos preços e planejam uma paralisação para este sábado (14), em protesto contra o as tarifas, consideradas baixas demais. Eles pretendem desligar os aplicativos para não atenderem entregas, na campanha batizada de 'Apps Off: trabalhador apóia trabalhador'.

"Às vezes, ficamos o dia inteiro online pra conseguir com muito custo fazer 12 entregas. Falo de um dia com mais de 12h na sua maioria das vezes. A taxa infelizmente tem caído. Antigamente se fazia R$ 50 com 5 entregas, hoje você tem que fazer mais de 10 entregas", reclama um profissional que não quis se identificar. "A gente passa a ganhar somente o mínimo (R$ 3,75 atualmente) e às vezes, com mais algumas moedinhas, vai pra R$ 4. Mas pode ter certeza que penamos bastante pra ganhar esse "bônus" na corrida".

Entregadores também reclamam da dificuldade de entrar em contato com a plataforma.

"Uma vez aconteceu comigo de faltar um lanche de McDonald's e eu já havia encerrado a viagem. Como eu não consegui contato com a Uber Eats, o cliente só quis pagar metade da taxa. Eu estava no prédio dele, ele me prendeu até que resolvesse isso. O valor do lanche dele era o valor do meu lucro da noite, R$ 37. Trabalhei de graça. A Uber só entra em contato com a gente, pra dizer que está bloqueado".

ENTREGADORES BANIDOS

Entregadores têm sido bloqueados da Uber Eats por desrespeitarem as regras da plataforma. Os expulsos, no entanto, reclamam da falta de comunicação. O motoboy Alex Sandro Santos, morador de Nova Iguaçu, foi excluído da Uber Eats por supostamente ter "infringido as normas"; ele afirma que foi vítima de seguidos golpes dos próprios clientes.

"A Uber Eats implementou uma opção na qual o cliente pagava depois. Quando as pessoas descobriram, falavam que não tinham dinheiro para poder pagar. Depois, colocavam que tinham dado dinheiro ao entregador e não sabiam o motivo de terem selecionado 'pagar depois'. Era uma malandragem. Sempre ligava para o suporte e eles garantiam que não ia acontecer nada. No dia seguinte, amanhecia bloqueado. Isso aconteceu constantemente, até que acabei sendo banido".

"A Uber está fazendo o cara pagar 10km e pagar R$ 4,60. Tem gente pagando para trabalhar. Para muitas pessoas isso não é complemento de renda. É trabalho principal. Olha o país como está".
Procurada, a Uber Eats ainda informou que "todos os ganhos estão disponibilizados de forma transparente para os entregadores parceiros, no próprio aplicativo, ficando clara cada taxa e valor correspondente". 
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"Os valores pagos por entrega são determinados por uma série de fatores, como a hora do pedido e distância a ser percorrida. O sistema de avaliações dos parceiros, feitos pelos usuários, é a maneira mais prática e eficaz de mensurar a qualidade do serviço que está sendo prestado. Parceiros com sucessivas avaliações negativas podem, inclusive, ter as contas desativadas da plataforma. Parceiros que descumprem os Termos de Uso da plataforma (por exemplo, com seguidos cancelamentos injustificados, denúncias de extravio de pedidos ou tentativas de fraude) também estão sujeitos à desativação", diz a nota enviada a imprensa.